agronegócio
Brasil negocia com o Japão retomada das exportações de carne bovina, interrompidas em 2012

A potencial reabertura do Japão à carne bovina brasileira poderia prejudicar os exportadores norte-americanos da proteína. É o que sugere um artigo publicado pela Southern Ag Today, plataforma digital norte-americana especializada no setor do agronegócio e fruto de uma associação entre 13 universidades dos EUA.
O texto destaca que, atualmente, o Brasil está negociando com o Japão para retomar as exportações de carne bovina após uma proibição em 2012.
A plataforma digital ressalta que, apesar da participação de mercado insignificante do Brasil antes do embargo, o seu retorno tem potencial para interferir nas vendas norte-americanas ao Japão.
O Japão é o terceiro maior país importador de carne bovina do mundo e o segundo maior mercado para os exportadores dos EUA.
Em 2024, as exportações totais de carne bovina dos EUA atingiram US$ 10,5 bilhões e os embarques para o Japão representaram quase 20% (em torno de US$ 1,8 bilhão), deste total.
China como ponte para o avanço da carne brasileira
Na época da guerra comercial EUA-China, em 2018, o Brasil emergiu como o principal exportador global de carne bovina, superando os EUA, Austrália e Índia, recorda o texto da Southern Ag Today.
Naquela época, a ascensão do Brasil como um grande exportador de carne bovina se deveu, em grande parte, ao forte aumento da demanda na China.
“À medida que a China emergia como o principal país importador de carne bovina (quase US$ 14 bilhões em 2024), o Brasil se tornou seu principal fornecedor, respondendo por 45% do total das importações chinesas em 2024, superando em muito outros países exportadores”, destaca a reportagem.
“Mas o Brasil tem capacidade para ganhar uma fatia significativa do mercado externo japonês de carne bovina?”, indaga o artigo da Southern Ag Today.
Em 2024, ressalta o texto, a produção de carne bovina no Brasil foi baseada em 192,5 milhões de cabeças de gado (incluindo todas as vacas e bezerros de corte e leite). Nos últimos dois anos, o rebanho bovino nacional do Brasil tem sofrido liquidação, continua a portal, elevando a oferta de animais para abate.
Apesar do rebanho em declínio, observa o texto, o Brasil manteve a sua fatia no comércio mundial. No caso de reabertura do mercado japonês, sugere o artigo, “o rebanho brasileiro pode ser reconstruído em um ritmo mais rápido para capitalizar a nova demanda do país asiático”.
Qualidade e quantidade
A reportagem diz que a demanda japonesa futura será baseada em uma combinação de qualidade e quantidade. Nas últimas décadas, produtos como carne moída, bifes e hambúrgueres têm se tornado cada vez mais populares no Japão.
A questão-chave, diz o texto, é se a carne do Brasil pode se igualar à qualidade da carne bovina dos EUA vendida ao Japão. No entanto, acredita o artigo, “a quantidade é um obstáculo menor para o Brasil”.