Cotidiano
Indígenas Kadiwéu protagonizam prevenção a incêndios no Pantanal e Cerrado

As atividades de prevenção a incêndios florestais na Terra Indígena Kadiwéu, localizada entre os biomas Pantanal e Cerrado, no Mato Grosso do Sul estão sendo realizadas pelos indígenas Brigadistas de Queima Prescrita (BQP) do povo Kadiwéu.
Além da atuação do povo, as atividades recebem apoio conjunto da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).
Para os trabalhos, foram formadas duas brigadas, com a contratação de oito indígenas. Eles serão responsáveis pela execução das queimas prescritas no território. O trabalho busca reduzir os incêndios na Terra Indígena que atingiram 64% do território no período crítico de julho a agosto de 2024, segundo dados do Prevfogo/Ibama.
Queima prescrita
A queima prescrita realiza o uso planejado, monitorado e controlado do fogo. Ela é uma estratégia para reduzir os riscos de grandes incêndios florestais durante o período de seca. No território Kadiwéu, onde vivem cerca de 1300 pessoas — segundo dados de 2022 do IBGE —, a queima prescrita em solo começou no início do mês de julho e deve continuar enquanto a janela climática for favorável, antes do aumento da seca e dos ventos, que dificultam o controle do fogo.
A ação é essencial para proteger áreas sensíveis e conter o acúmulo de vegetação seca, que aumenta o potencial destrutivo dos incêndios. A atuação conjunta entre indígenas, Funai e o Prevfogo/Ibama alia planejamento, capacitação técnica e valorização dos saberes tradicionais.
Uso de tecnologias aéreas
Neste ano, além da contratação de novos brigadistas, as atividades contam com o uso do Dispositivo Aéreo de Ignição (DAI), conhecido como Sling Dragon. Essa tecnologia permite realizar queimas prescritas em áreas de difícil acesso e com grande acúmulo de vegetação seca.
As queimas prescritas também têm o objetivo de proteger áreas de reprodução de espécies vegetais utilizadas pelos Kadiwéu, como pau santo, cedrinho, palmeiras e guavira. O cuidado também se estende às regiões de vazantes de rio e a outros recursos fundamentais para a vida e a cultura do povo.
Ação contínua
Ainda no começo do ano, os indígenas brigadistas realizaram etnomapeamentos e identificaram recursos ambientais e culturais que devem ser preservados com ações de prevenção e combate a incêndios. A atividade também foi promovida dentro da cooperação técnica entre Funai e Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Ibama.
Os brigadistas ainda têm atuado na conscientização e aproximação com produtores rurais Kadiwéu, para incluir as demandas dessas famílias no planejamento das brigadas, fortalecendo a gestão integrada do fogo no território.