agronegócio
Borra do café vira biometano e abastecerá indústria com energia limpa

A borra do café, antes descartada, acaba de ganhar um novo destino no Brasil: a produção de biometano. A iniciativa, que acaba de entrar em operação, utiliza os resíduos coletados em centros de reciclagem para gerar um biocombustível capaz de substituir o gás natural em processos industriais. A primeira aplicação será no abastecimento da planta da Nestlé em Araçatuba (SP), marcando um avanço na agenda de descarbonização do setor.
De acordo com a empresa responsável pelo projeto, a expectativa é transformar entre 750 e 850 toneladas de borra por ano, o que pode evitar a emissão de cerca de 857 toneladas de CO2 — tanto pela substituição de combustíveis fósseis quanto pela prevenção da liberação de metano durante a decomposição em aterros.
Economia circular: do consumo à geração de energia
O novo modelo logístico inclui transporte das cápsulas por veículos elétricos até o centro de reciclagem em Valinhos (SP). Lá, os resíduos são separados: o alumínio segue para a indústria metalúrgica, e a borra é enviada à Crivellaro Ambiental, parceira técnica do projeto com mais de seis décadas de experiência em gestão de resíduos.
“O biometano é mais do que uma alternativa energética. Ele simboliza uma cadeia que repensa o pós-consumo com responsabilidade ambiental e inovação”, afirma Mariana Marcussi, diretora de Sustentabilidade da empresa.
Com mais de 400 pontos de coleta física e logística reversa gratuita via Correios, a estrutura cobre 100% do território nacional. Projetos paralelos ainda reaproveitam as cápsulas em ações de design circular — como cenografias e embalagens em parceria com marcas como a Natura.
Impacto no agro e indústria
A operação é parte de uma estratégia ESG mais ampla, que inclui desde o suporte técnico a cafeicultores por meio do Programa AAA de Qualidade Sustentável™ até a certificação como empresa B Corp™. Só em 2024, os investimentos globais em circularidade ultrapassaram CHF 84 milhões.
A meta é ambiciosa: alcançar 60% de reciclagem até 2030, em um setor que já opera com 100% de energia elétrica renovável em suas fábricas.
“Transformar resíduos em energia é um passo decisivo para um agronegócio mais limpo e eficiente. E mostra como o setor pode liderar soluções sustentáveis do campo à indústria”, reforça Marcussi.