Mercado de boi e preferências do consumidor foram os destaques no Conacarne 2025

O Congresso Nacional da Carne (Conacarne), realizado no Expominas, em Belo Horizonte, no final da ultima semana, contou com palestras de especialistas sobre expectativas e desafios para o mercado de boi, preferências dos consumidores pela carne bovina, além de uma palestra sobre cortes nobres.

Considerado o maior evento do setor sobre o tema, o Conacarne foi realizado pelo Sistema CNA/Senar e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em Belo Horizonte (MG).

Participaram do evento produtores rurais de todas as regiões do Brasil, entidades, sindicatos, especialistas, autoridades, presidentes de Federações estaduais de agricultura e pecuária, diretores do Sistema CNA/Senar. Durante dois dias, a plateia acompanhou debates sobre tendências de consumo, mercado, inovações e pode trocar experiências.

Ciclos e incertezas

A programação de sexta (19) começou com um painel que trouxe como tema “Entre ciclos e incertezas: o futuro do mercado do boi”. A jornalista do Portal DBO, Juliana Camargo, editora e apresentadora do programa Mercado Pecuário, fez a mediação dos debates com os palestrantes.

O especialista em Mercado da MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, abordou o cenário da carne bovina nos principais países produtores e consumidores. “Nós sabemos que o rebanho norte-americano continuará em seu menor nível no próximo ano e que as variações de oferta nos demais exportadores será relativamente pequena”.

Alexandre pontuou o que o mercado ainda não sabe com tanta certeza: qual será o tamanho do rebanho americano na próxima década; se existe restrição estrutural à volta do rebanho histórico nos Estados Unidos e quais serão os níveis de produção da China. O especialista ainda apresentou um panorama do abate de bovinos e de fêmeas e o preço do boi gordo.

Impactos na rotina

O editor e fundador da Carta Pecuária, Rogério Goulart, também palestrou no painel. Ele provocou reflexões sobre como o mercado impacta a rotina do criador.

“Somos obrigados a operar em altas e baixas, seja para engordar fêmea, comprar macho, fazer estação de monta. Tudo isso tem que ser feito em qualquer cenário. A pecuária é cíclica tanto em lucratividade quanto em preço”.

Do pasto ao prato

O tema do último painel do dia foi “Do pasto ao prato: a carne pela ótica do consumidor”. O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, moderou debate que reuniu chefs de cozinha, especialistas em carnes e profissionais da gastronomia para compartilhar experiências sobre diferentes perfis de consumidor e tendências de preparo da carne.

O fundador do Açougue deBetti Dry Aged & Carnes Especiais, Rogério Betti, falou sobre o desenvolvimento da pecuária brasileira ao longo dos anos, com uso tecnologia, diferentes formas de preparo, de maturação, e sobre mudanças das preferências dos consumidores por uma carne de mais qualidade.

“O brasileiro está disposto a pagar uma carne saborosa e suculenta, de mais qualidade. Ele tem expectativa de experimentar novas formas de preparo, unir a família e os amigos e preparar um churrasco”, disse.

Evolução

Em sua fala, a chef especialista em carnes e churrasco, Júlia Carvalho, destacou a evolução das técnicas de preparo das carnes e como o consumidor tem se adaptado. “Hoje em dia muitas técnicas preservam a suculência da carne e deixam ela mais macia. O sal é um exemplo, já que a gramatura dele influencia no sabor da carne”.

Segundo Júlia, a padronização da produção e do manejo dos animais é fundamental para alcançar o cliente e atender as exigências dele. “O mercado da carne bovina vai continuar se expandindo cada vez mais e o trabalho do produtor rural é fundamental para atender essa demanda crescente, fornecendo carnes de excelência”.

Valorização

Já a chef assadora e colunista da Folha de São Paulo, Larissa Morales, afirmou que o produtor precisa ser mais valorizado para que o consumidor na ponta consiga ter uma experiência melhor.

“Daqui a alguns anos, o consumo de carne não será só sobre maciez. Teremos condições de levar em consideração muitas outras coisas, como a qualidade, sabor, onde essa carne foi produzida, em que local. E tudo isso vai influenciar no produto final.”

Aproximação

O chef e criador do Festival Churrascada, Gustavo Bottino, falou da importância de encontros como o Conacarne para a aproximação entre consumidor e produtor rural e sobre a mudança do perfil dos consumidores e de eventos de churrasco.

“Há dez anos a maioria das pessoas só conhecia o churrasco em que a carne ia na grelha com sal. Hoje, as pessoas pagam para participar de eventos que oferecem a experiência de provar diversos sabores de cortes, texturas, consistências e métodos de preparo”.

Palestra

O último dia de Conacarne foi encerrado com uma palestra com o especialista em carne bovina e consultor Marcelo Bolinha.

Ele falou da sua experiência no mercado, traçou um panorama da evolução da carne e dos diferentes cortes e realizou, no palco, a desossa de uma carcaça bovina.

Encerramento

Ao final do evento, o presidente da CNA, João Martins, deu um recado aos participantes: “O objetivo maior do nosso evento foi mostrar que precisamos produzir cada vez mais uma carne de melhor qualidade”.

O presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, agradeceu a participação dos produtores, técnicos e especialistas no Conacarne. “Vamos fazer com que essa pecuária seja a melhor do mundo. Contem com o nosso sistema”.