Em Miranda, indígenas participam de curso para aprimorar competências para o turismo

Para transformar tradições culturais em atrativos turísticos, moradores das aldeias Cachoeirinha, Babaçu, Morrinho e Argola – todas situadas no Território Indígena Cachoeirinha, em Miranda – vêm se organizando para fortalecer os saberes locais. Com o objetivo de auxiliar essas comunidades nesse processo, o Sebrae/MS promoveu o Curso de Competências Mínimas de Condutor de Ecoturismo e Turismo de Aventura, que foi realizado entre os dias 14 e 17 de outubro, e contou com a parceria da Prefeitura de Miranda e Fazenda Caiman.

O treinamento foi desenvolvido com 25 participantes e carga-horária de 40 horas/aula. “Trata-se de um grande projeto. Tivemos uma primeira etapa, em que foram formados mais de 20 guias. A ideia agora é ampliar esse número de pessoas capacitadas para haver essa condução de forma cada vez mais aprimorada, tanto em trilhas como em outras atividades de turismo”, explicou o gerente da Regional Oeste do Sebrae/MS, Matheus Oliveira.

A capacitação busca favorecer os conhecimentos tradicionais e agregar aos participantes metodologias de trabalho no ecoturismo, com vistas ao fortalecimento do etnoturismo. Em razão disso, o curso foi iniciado priorizando as falas de pertencimento, inclusive, com oração em língua terena – etnia indígena da maioria dos moradores da região.

As atividades de capacitação contemplaram ações interpretativas no ambiente natural – ao ar livre –, sobre o patrimônio ambiental, histórico-cultural e tradicional. Os participantes também receberam informações sobre noções de normas técnicas em turismo de aventura, liderança, competências pessoais e sistema de gestão da segurança.

Curso uniu conhecimento tradicional com técnicas modernas, promovendo o desenvolvimento local e o protagonismo indígena no turismo

O cacique Rogério Lemes, da aldeia Cachoeirinha, acompanhou parte das atividades e apontou que as metodologias repassadas contribuem para fortalecer o sentimento de pertencimento. Para ele, a capacitação traz benefícios para toda a comunidade. “Uma aprendizagem para ser acrescida ao nosso currículo e valorizar nossa cultura como povos originários”, disse.

Também foram abordados conceitos de liderança para o empreendedorismo e atividades com foco no desenvolvimento local a partir da noção de territorialidade. O protagonismo e a consciência para se valorizar a cultura local estiveram no centro das aulas, ministradas em diferentes partes da aldeia Cachoeirinha.

Julião Oliveira trabalha como motorista de aplicativo e foi um dos alunos da capacitação. “No curso, percebi a importância para saber mais sobre primeiros-socorros, melhorar as noções de gestão de segurança. Para mim, é muito importante esse trabalho conjunto entre as instituições, pois quero estar no mercado de trabalho muito bem capacitado”, destacou.

Juliete Balbino Polidoro mora na aldeia Babaçu e reforçou a importância do conhecimento que obteve com o curso. “Avalio como muito produtivo, com diversidade no conteúdo ministrados. É muito importante essa capacitação”, concluiu.