Festival Internacional de Turismo do Centro-Sul destaca integração regional

O reconhecimento do turismo como um segmento que impulsiona o desenvolvimento territorial e gera oportunidades aos pequenos negócios, levou o Sebrae/MS a ser parceiro do 1º Festival Internacional de Turismo do Centro-Sul de MS, realizado em Dourados, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, na sede da Regional Sul do Sebrae/MS.

O evento integrou governo, mercado e academia para discutir caminhos concretos de desenvolvimento do turismo nos 34 municípios que compõem a região. Dentro da programação, o Sebrae/MS promoveu uma sessão de negócios com cerca de 20 empreendedores do trade turístico e uma Feira de Produtos Regionais e Economia Criativa, com 30 expositores na Praça Antônio João, ações que deram visibilidade ao potencial local e fomentaram novas parcerias.

Para o gerente da Regional Sul do Sebrae/MS, Marcus Faria, o evento proporcionou conexões relevantes para o fortalecimento do setor e marcou o início de um novo ciclo de cooperação entre instituições e empreendedores. “Esse primeiro festival é o ponto de partida para uma série de iniciativas que vão integrar ainda mais as Instâncias de Governança Regional (IGRs). O turismo é um segmento que movimenta a economia local, gera oportunidades e depende de parcerias. É muito bom ver o poder público, as universidades e o Sebrae unidos em torno desse objetivo”, ressaltou.

Durante a programação, o gerente de Desenvolvimento e Governança Turística da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (FundTur), Leonardo Resende, defendeu que o crescimento do turismo depende da cooperação entre os municípios. “Um município, sozinho, não consegue se desenvolver plenamente. Às vezes um tem o hotel, mas o outro tem o atrativo turístico. Quando se unem, todos ganham. Integrar e cooperar é o que torna o turismo uma força real de desenvolvimento para todo o território”, destacou.

Presidente da Agência de Desenvolvimento da Grande Dourados (ADEGRAND) e representante da IGR Celeiro do MS, realizadora do evento, Rodrigo Jeferson Trambuch ressaltou o papel das governanças regionais nesse processo. “Nosso objetivo com o Festival é mostrar que os 34 municípios da região têm um potencial nato a ser desenvolvido. O turismo pode gerar impacto econômico e transformar vidas, e nós, das IGRs, vamos fazer isso acontecer”, afirmou.

Rodrigo Jeferson Trambuch, Presidente da Agência de Desenvolvimento da Grande Dourados e representante da IGR Celeiro do MS, pontuou o papel das governanças regionais para fomentar o desenvolvimento

O festival é resultado da integração das Instâncias de Governança Regional (IGRs) do Centro-Sul — Celeiro do MS, Caminhos da Fronteira, Vale das Águas e Caminhos da Natureza —, todas originadas a partir do Programa LÍDER – Lideranças para o Desenvolvimento Regional, realizado pelo Sebrae/MS, entre os anos de 2021 e 2022. O programa consolidou uma rede de lideranças, integrando empresários e gestores públicos, que hoje atua de forma independente, com apoio contínuo do Sebrae.

Nos dois dias de festival, foram realizadas palestras e painéis que abordaram temáticas como aviturismo e as trilhas de longo curso como oportunidades para atrair novos públicos, além do potencial do turismo de negócios e compras, turismo agrotecnológico e das feiras técnicas na dinamização econômica regional.

Conexão e oportunidades de negócios

Além de promover a troca de conhecimentos, o festival possibilitou a conexão entre os empreendedores. Cerca de 20 empresários do trade turístico participaram de uma sessão de negócios, promovida pelo Sebrae/MS. Na data, os representantes das empresas puderam apresentar os produtos e serviços que oferecem um para os outros, o que resultou em R$2,5 milhões em expectativas de novas parcerias.

Um dos participantes foi o empresário Clézio Giomo, da agência FDR Viagens e Turismo, de Caarapó, que destacou o impacto positivo da iniciativa. “Essa já é a quinta rodada de negócios que participo. É um canal único para divulgar nosso trabalho e firmar parcerias”, disse. Joana Batista, corretora em Dourados, também esteve presente na sessão por entender a iniciativa como uma oportunidade para apresentar o trabalho que desenvolve enquanto organizadora de missões empresariais que aproximam empresas brasileiras e paraguaias, por meio da Rota Bioceânica.

Sessão de Negócios promoveu conexão entre empreendedores e gerou novas parcerias

“Recentemente organizei minha primeira missão empresarial de integração entre Dourados e Filadélfia, no Chaco paraguaio, com foco no agronegócio. Agora estou participando da sessão porque quero promover outras missões. Nosso foco é evidenciar o potencial da Grande Dourados na Rota Bioceânica e ampliar as oportunidades de negócios com o país vizinho”, contou Joana.

Já o empresário André Pereira Machado, da Dellato – Gelato Artesanal, de Campo Grande, busca expandir a produção para o turismo gastronômico, ampliando os pontos de venda dos sorvetes em hotéis, restaurantes e agências de turismo. “Desde o início, nossa vocação foi valorizar os sabores do nosso estado. A primeira receita foi o sorvete de bocaiúva, e hoje trabalhamos também com guavira, jaracatiá e queijo Nicola com goiabada, que é típico da cidade de Anastácio. Queremos que o turista leve o sabor do Mato Grosso do Sul na memória”, afirmou.

Feira valoriza economia criativa e identidade regional

Paralelaente à programação técnica, nos dois dias de evento, o festival promoveu a “Feira de Produtos Regionais e Economia Criativa do Centro-Sul”, com 30 expositores, na Praça Antônio João, com o intuito de dar visibilidade ao trabalho dos pequenos negócios que atuam com elementos característicos da cultura local.

Durante o Festival, feira de negócios reuniu 30 expositores na Praça Antônio João

Valorizando a influência histórica da erva-mate na ocupação do território e o cotidiano fronteiriço (Brasil–Paraguai), elemento central da identidade regional que hoje se expressa em hábitos como o tereré e o mate, a artesã Vilma Nunes, de Ponta Porã, utiliza a erva-mate para revestir as suas criações, transformando porongos e madeiras de demolição em peças artísticas. “O turismo fortalece o artesanato, assim como a música e a culinária. As pessoas gostam de levar algo que represente nossa cultura, e a erva-mate faz parte dessa história”, explicou.

Outra expositora foi a designer de biojoias Joyce Serrado, da Divina Joya. De Dourados, ela cria peças com flores e sementes naturais coletadas na região. “Uso flores típicas daqui, como o ipê-amarelo, que é a árvore símbolo de MS, a primavera, o jasmim manga e a pata-de-vaca, comuns nos jardins das casas das nossas avós. As pessoas que visitam nosso Estado querem levar um pedacinho da experiência do lugar onde estiveram, e o turismo ajuda a divulgar nossa arte e nossa natureza para todo o Brasil”, comentou.

Professora de artes aposentada, Nice Gomes, também de Dourados, trabalha com costura criativa e produz brinquedos como quebra-cabeça, jogo da velha e jogo da memória, inspirados na fauna sul-mato-grossense, com ilustrações de araras, capivaras e onças. “Quero que as crianças conheçam os animais do nosso estado e aprendam brincando sobre a importância da biodiversidade. Brincar é uma forma de educação e de valorização da nossa identidade”, contou.