COP30 BRASIL - AMAZÔNIA
Em seu quarto dia, COP30 promove o bem-estar humano como tema central da ação climática
O quarto dia da COP30, nesta quinta-feira (13) colocou o bem-estar humano no centro da ação climática, destacando que a adaptação a um clima em transformação começa com a proteção de vidas, a promoção da saúde, o fortalecimento pela educação e a redução da desigualdade. A adoção do Plano de Ação de Belém para a Saúde (BHAP) marcou um ponto de virada — um compromisso global para construir sistemas de saúde resilientes ao clima, fundamentados em equidade, justiça e cooperação. Desenvolvido sob liderança do Brasil com a Organização Mundial da Saúde,o BHAP é um marco na interseção entre saúde e clima, ampliando a resiliência por meio de sistemas de vigilância mais robustos, fortalecimento de capacidades, inovação e formulação de políticas baseadas em evidências. Para apoiar sua implementação, organizações filantrópicas prometeram USD 300 milhões through the Coalizão de Financiadores de Clima e Saúde.
As discussões do dia foram além da saúde, reconhecendo que adaptação também é um investimento em conhecimento e justiça. A Mesa-Redonda Ministerial sobre Educação para a Sustentabilidade, organizada pelo Brasil e pela UNESCO, reafirmou a educação como catalisadora de transformação — moldando sociedades capazes de prosperar em um mundo em aquecimento. Das salas de aula às comunidades, a Parceria pela Educação Sustentável mostrou como integrar alfabetização climática aos currículos capacita futuras gerações a liderar a adaptação desde a base. Paralelamente, o Dia da Justiça, Clima e Direitos Humanos e a Árvore de Compromissos Sumaúma destacaram o vínculo entre direitos humanos e responsabilidade climática, convocando sistemas jurídicos e éticos que sustentem equidade e dignidade na governança global.
O financiamento emergiu como o fio condutor desses temas. Iniciativas como a FINI, que mira USD 1 trilhão em carteiras de projetos de adaptação até 2028, além da expansão dos Sistemas de Alerta Antecipado e fundos de resiliência, mostraram como o financiamento misto está impulsionando proteção para pessoas e economias. Em conjunto, esses compromissos confirmaram que adaptação deixou de ser um objetivo político abstrato — é um imperativo humano. Em Belém, líderes e parceiros alinharam esforços para colocar saúde, educação e justiça no centro da resiliência climática, traçando um caminho em direção a um futuro onde cada investimento em adaptação é um investimento nas pessoas.
Ações e Resultados Notáveis:
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- Agenda de Ação:
– Evento de Alto Nível/Ministerial “Reunião Ministerial de Saúde e Clima: O Plano de Ação de Belém para a Adaptação do Setor de Saúde às Mudanças Climáticas”
▪ O dia começou com a Reunião Ministerial de Saúde e Clima, onde o Plano de Ação de Belém (BHAP) foi adotado, um marco para tornar a adaptação do setor de saúde uma prioridade por meio de um roteiro para que países construam sistemas de saúde resilientes e acelerem a cooperação global.
▪ Desenvolvido sob a liderança do Brasil, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o plano recebeu 80 endossos — 30 países e 50 parceiros da sociedade civil e OIGs até o momento — e é apoiado pela Coalizão de Financiadores de Clima e Saúde, que reúne mais de 35 fundações globais, como The Rockefeller Foundation, Wellcome Trust e IKEA Foundation, que anunciaram um aporte inicial de USD 300 milhões para apoiar o Plano de Ação de Belém.“Proteger a saúde em um clima em mudança exige uma abordagem de toda a sociedade. O lançamento do Plano de Ação de Saúde de Belém é um passo vital à frente, liderado pelo Governo do Brasil e pela OMS; integra adaptação, equidade e justiça climática — os três pilares de sociedades resilientes.”
— Simon Stiell, Secretário Executivo, UNFCCC“A resposta do Brasil na UNFCCC é clara: é hora de passar da reflexão à ação conjunta. Diante de um clima já alterado, não há alternativa senão que governos e políticas públicas se adaptem e enfrentem a mudança do clima.”
- Agenda de Ação:
— Alexandre Padilha, Ministro da Saúde, Brasil
– Ministros da Educação se Reúnem na COP30 na Reunião Anual da Parceria pela Educação Sustentável
▪ A reunião ministerial reuniu governos, parceiros e líderes educacionais durante a COP30 para fortalecer esforços globais em tornar a educação um motor-chave da ação climática.
▪ Organizada pelo Ministério da Educação do Brasil e coorganizada pela UNESCO, como secretaria da Parceria pela Educação Sustentável, a sessão apresentou boas práticas e soluções inovadoras em diferentes níveis, incluindo currículo e avaliações para ampliar a alfabetização climática.
▪ A mesa-redonda contou com o lançamento da minuta do framework PISA sobre alfabetização climática, definindo os conhecimentos, habilidades e atitudes essenciais que estudantes devem desenvolver para contribuir para as metas climáticas.
“Precisamos de uma educação que prepare os estudantes não apenas para entender o mundo, mas para transformá-lo.”
— H.E. Camilo Santana, Ministro da Educação, Brasil
– Lançamento da FINI, com Meta de USD 1 Trilhão em Carteiras de Projetos de Adaptação
▪ A iniciativa Fostering Investible National Planning and Implementation (FINI) for Adaptation & Resilience foi lançada hoje. Liderada pelo Climate Resilience Center do Atlantic Council e pelo NRDC, a FINI visa transformar Planos Nacionais de Adaptação em projetos financiáveis, aptos a atrair grandes volumes de investimento público e privado.
▪ Até 2028, a FINI mira USD 1 trilhão em carteiras de projetos de adaptação, com 20% de investidores privados e USD 500 milhões de parceiros multilaterais e filantrópicos para apoiar avaliações de risco e capacitação local. Reunindo países, bancos de desenvolvimento, seguradoras, investidores e organizações globais, a FINI representa uma mudança significativa rumo a soluções de resiliência climática de longo prazo para nações vulneráveis.
– COP30 destaca Justiça, Clima e Direitos Humanos para uma Transição mais Equitativa
▪ O “Dia da Justiça” na COP30 é uma iniciativa de todo o sistema judiciário para promover cooperação internacional entre sistemas judiciais e identificar caminhos comuns para enfrentar a crise climática sob uma perspectiva jurídica.
▪ O Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Edson Fachin, destacou o papel do Sistema de Justiça brasileiro na defesa da agenda climática, incluindo um chamado para construção de uma ampla rede de cooperação e transformação em defesa da “Casa Comum” — a Pacha Mama, reforçando que o Judiciário deve estar comprometido com a vida humana e os direitos da natureza.
▪ A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, celebrou que esta COP conta com participação inédita do Judiciário.
“O Judiciário é capaz de induzir comportamentos e promover justiça climática, consolidando-se como agente ativo da transformação exigida pela emergência ambiental.”
— Exmo. Sr. Ministro Edson Fachin, Supremo Tribunal Federal (STF) e Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
“President Lula has repeated that this must be the COP of truth. And truth is deeply linked to the work that all of you do. But it must also be the COP of implementation. We need to act. We already have enough decisions, enough laws, but now we must stimulate action. And for that, the judiciary—as was so well said—must play a central role, as both a conflict manager and a judge, to accelerate this agenda with the urgency that the moment demands.”
– Ambassador André Corrêa do Lago, COP30 President
“Não há como enfrentar a questão climática sem recorrer a dois pilares fundamentais: ética e justiça. (…) Agora que sabemos cientificamente, com base em evidências, os impactos que este modelo de desenvolvimento causou ao meio ambiente, não podemos considerá-lo justo”, afirmou. Concluiu: “Cada vez que se pune um infrator climático, é um ato de amor à humanidade e ao próprio infrator.”
— Ministra Marina Silva, Meio Ambiente e Mudança do Clima, Brasil
– BID, CAF e CDB lançam nova iniciativa conjunta de troca de dívida por resiliência
▪ At COP30, the Inter-American Development Bank (IDB), CAF, Development Bank of Latin America and the Caribbean, and the Caribbean Development Bank (CDB) launched the Multi-Guarantor Debt-for-Resilience Joint Initiative, a pioneering mechanism to ease debt pressures and strengthen disaster preparedness across the Caribbean.
▪ The initiative creates a framework to streamline multi-guarantor debt-for-resilience swaps, harmonizing standards and improving coordination among MDBs, governments, and private sector actors. Each transaction will align with national development and debt strategies.
– Fortalecimento dos Sistemas de Alerta Antecipado e Observações Sistêmicas
▪ O relatório de 2025 sobre a Posição Global dos Sistemas de Alerta Antecipado Multirrisco, lançado em evento de alto nível na COP30, mostra que mais de 60% dos países possuem sistemas de alerta.
▪ Para avançar, a iniciativa CREWS (Climate Risk and Early Warning Systems) lançou sua Estratégia 2030, que traça um caminho para que países vulneráveis ao clima construam sistemas de alerta com apoio com o apoio do Luxemburgo (2 milhões EUR), Mônaco (0,7 milhões EUR), Noruega (5 milhões USD) e Canadá, França, Reino Unido, Suíça, Finlândia e Alemanha. Além disso, a Bélgica (8,3 milhões EUR), a Irlanda (8 milhões EUR) e a Espanha (5 milhões EUR) anunciaram apoio para promover observações meteorológicas de superfície por meio do Mecanismo de Financiamento de Observações Sistemáticas (SOFF)
– A Árvore de Compromissos Sumaúma para Ação Climática Baseada em Direitos Humanos
▪ Complementando o dia da justiça, o lançamento da Árvore de Compromissos Sumaúma ocorreu conclamando ações para catalisar esforços coletivos visando implementar as obrigações dos Estados em direitos humanos relativos à mudança do clima e promover aprendizagem mútua rumo a um futuro onde humanidade e natureza coexistam em harmonia.
▪ Define um roteiro da COP30 à COP31 para mobilizar compromissos para ações climáticas concretas baseadas em direitos humanos que promovam, protejam e garantam direitos humanos no contexto das mudanças climáticas. Todos os compromissos serão tornados públicos durante o evento de alto nível na COP31. Informações adicionais sobre como participar e ideias de compromissos podem ser encontradas aqui ou entrando em contato com benjamin.schachter@un.org e cop30dhetj@gmail.com. O cronograma da campanha de compromissos está disponível aqui.
– Harmonização de Padrões Globais de Contabilidade de Carbono — Contabilidade de Carbono
▪ A ISO e o GHG Protocol identificaram áreas prioritárias para cooperação internacional a fim de melhorar a comparabilidade e interoperabilidade entre sistemas de contabilidade de carbono.
▪ As discussões no âmbito do Plano para Acelerar Soluções (PAS) delinearam próximos passos para desenvolver uma linguagem comum para a contabilidade de carbono e fortalecer abordagens inclusivas e científicas por meio da colaboração entre governos, setor privado e entidades normativas.
“Contabilidade de carbono não é apenas um tema técnico — é estratégico. Feita da maneira correta, ajuda a transformar promessas em progresso e políticas em resultados concretos.”
— Dan Ioschpe, Campeão Climático de Alto Nível da COP30
– Integridade da Informação e Ação Climática no Brasil: Sinergias Entre Governo e Sociedade Civil
▪ O painel Integridade da Informação e Ação Climática no Brasil destacou a liderança do país como o primeiro a criar um capítulo nacional da Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas. Co-liderado por MMA, MRE e SECOM, a sessão apresentará avanços e desafios do governo, seguidos dos esforços da sociedade civil por meio da rede RPIIC. O evento também lançará ferramentas e resultados concretos desenvolvidos pelos seis grupos temáticos da RPIIC, demonstrando como governo e sociedade civil estão atuando juntos para promover ação climática por meio de informação confiável.
“Com governos, organizações internacionais, sociedade civil e academia atuando em conjunto, estamos cada vez mais bem posicionados para garantir que as pessoas tenham acesso a informações confiáveis e de alta qualidade para agir diante da crise climática. Este é o caminho para consolidar a integridade da informação como pilar permanente da agenda ambiental global.”
– Nina Santos, Secretária-Adjunta de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom)
- Negociações:– Mobilização Global:
Dia da Saúde na COP30: Promovendo Sistemas de Saúde Resilientes ao Clima
▪ Marcele Oliveira, Youth Climate Champion da Presidência, participou de uma atividade especial na Zona Verde ao lado do Zé Gotinha, mascote icônico da vacinação no Brasil, e do Curupira, mascote oficial da COP30 inspirado no guardião da floresta do folclore brasileiro. Eles caminharam pela Zona Verde visitando iniciativas sustentáveis antes de subir ao palco no Pavilhão do Pará, onde Marcele destacou a importância da vacinação na proteção de comunidades vulneráveis contra impactos climáticos sobre a saúde e o papel da consciência pública e da prevenção na construção de sociedades resilientes ao clima.
“É uma enorme alegria estar no lançamento deste plano de ação, que vai tratar a saúde de forma integrada. Temos o Sistema Único de Saúde, o SUS, que permite que uma jovem da periferia como eu esteja aqui hoje falando com saúde, com acesso a vacinas e com a possibilidade de ser cuidada a qualquer momento neste país, se necessário. Isso é algo que deveria e poderia ser garantido também em outras nações, porque representa a garantia da vida e a redução das desigualdades. Palmas para o nosso Sistema Único de Saúde, o SUS.”
— Marcele Oliveira, Youth Climate Champion, Presidência da COP30
O que Esperar no Dia 5, nesta sexta-feria (14):
Temas: Energia, Indústria, Transporte, Comércio, Finanças, Mercados de Carbono, Gases não-CO₂
- 10h30 – 12h00 – Reunião Ministerial de Alto Nível: Mesa-Redonda sobre a Implementação do Compromisso Belém 4X para Combustíveis Sustentáveis
- 10h30 – 12h00 – Reunião Ministerial de Alto Nível: Declaração de Belém – Acelerando a Industrialização Verde em Busca das Metas Globais de Clima e Desenvolvimento
- 12h30 – 14h00 – Reunião Ministerial de Alto Nível: Novas Abordagens para a Transição em Relação aos Combustíveis Fósseis – Do “O Quê” ao “Como”
- 14h00 – 15h00 – O Futuro da Energia no Transporte Marítimo: Caminhos para o Emissões Líquidas Zero
Organização: Clean Energy Ministerial on Shipping (CEM-H), Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE)
- 16h30 – 18h00 – Reunião Ministerial de Alto Nível: Acelerando a Ação em Redes e Armazenamento de Energia

