Cotidiano
Com mais de 6.500 registros, público masculino lidera as notificações de IST´s na Capital
O Dezembro Vermelho, campanha nacional de mobilização contra o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), chega a 2025 com um alerta importante: os homens continuam demorando para procurar atendimento e seguem liderando as notificações de doenças sexuais mesmo diante de sintomas claros ou após situações de risco.
A consequência desse comportamento é direta: infecções que poderiam ser tratadas precocemente se espalham sem barreiras. Em Campo Grande, entre 2024 e 2025, o município registrou 6.556 notificações de ISTs, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinannet). A sífilis permanece como a infecção mais prevalente, seguida por hepatites virais e HIV/Aids.
Neste ano, foram registrados 487 casos de sífilis entre homens e 271 entre mulheres. Já o HPV, vírus sexualmente transmissível que pode causar verrugas genitais e cânceres, como o de pênis e colo de útero, teve 86 notificações em homens e apenas 1 em mulheres. Em relação ao HIV/Aids, foram 370 diagnósticos em homens e 119 em mulheres.
Embora muitas mulheres busquem o serviço de saúde, especialmente durante o pré-natal, essa diferença não é apenas uma questão de acesso, afirma o urologista e especialista em saúde do homem, Dr. Henrique Coelho Sherer. “A ideia de que o homem aguenta, de que não precisa de médico, continua viva. Essa cultura custa vidas e alimenta a transmissão silenciosa das ISTs”, enfatiza.
O especialista reforça que muitas dessas infecções não apresentam sintomas nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta a cadeia de transmissão. “A ausência de sintomas não significa ausência de risco. Muitos homens ignoram sinais leves ou nem percebem que algo está errado. Por isso, manter os exames em dia e usar preservativo é fundamental”, alerta Sherer.
Brasil: transmissão persiste, mas mortalidade cai:
O cenário nacional segue a mesma tendência. De acordo com o Boletim Epidemiológico 2024/2025 do Ministério da Saúde, o Brasil registrou uma média de 33 mil novos casos de HIV por ano nos últimos cinco anos. O coeficiente de mortalidade, porém, apresentou queda: saiu de 4,1 para 3,9 óbitos por 100 mil habitantes, um avanço associado ao acesso ampliado ao diagnóstico e ao tratamento.
-“O Dezembro Vermelho é uma oportunidade estratégica para falar diretamente com quem evita procurar ajuda por vergonha, medo ou desinformação. Falar sobre prevenção, sexo seguro, autocuidado e testagem não é exagero é uma necessidade de saúde pública”, conclui Sherer.
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