Segundo o conselheiro do Sebrae/MS e secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Ricardo Senna, o espaço mostrou que Mato Grosso do Sul já é um polo emergente de inovação. “Inovação e empreendedorismo precisam caminhar juntos e de forma positiva. O Sebrae sempre apoia o empreendedorismo, especialmente dos pequenos negócios. Ao trazer pesquisadores das universidades com pesquisas que podem se transformar em produtos, negócios, startups ou deep techs, buscamos estimular que essas ideias ganhem o mercado, agreguem valor e contribuam para uma economia diferenciada, com produtos de maior valor agregado”, destaca.
Para a diretora-técnica do Sebrae/MS, Sandra Amarilha, o objetivo do espaço Conexões Inovadoras foi aproximar ciência e negócios. “Reunimos pesquisadores, empresários, empreendedores e estudantes, pessoas em busca de soluções para problemas reais. Esse ambiente é propício à inovação, e acreditamos que o palco Conexões Inovadoras será um dos grandes destaques do EmpreendeFest”.
Para David José Ferreira Jr., da deep tech Briketts, estar perto das pessoas em eventos como o EmpreendeFest ajuda a fomentar o segmento. A empresa nasceu em Campo Grande como uma startup de base tecnológica voltada ao adensamento, transformando partículas muito finas em novas formas, e evoluiu para atuar no tratamento e gerenciamento de resíduos, desenvolvendo produtos de alto valor agregado.
“Espaços como o Conexões Inovadoras são extremamente preciosos e cada vez mais raros. As deep techs querem mostrar sua capacidade de transformar ciência em realidade e conceitos em produtos. O brasileiro é inovador por natureza: em cenários de escassez, ou você inova ou quebra. Por isso, oportunidades como essa impulsionam o setor, valorizam o trabalho desenvolvido e ajudam a divulgar soluções que podem transformar o futuro”, avalia o empreendedor.
Rodrigo Elias Oliveira, da Sistêmica Kove, também ressalta a importância da proximidade com o público. A empresa atua no controle biológico de pragas na agricultura, abrangendo produção de grãos, celulose e bovinocultura. “Trabalhamos com parasitóides e insetos predadores para manejar outras espécies, utilizando a própria cadeia alimentar. Isso evita danos às culturas e reduz o uso de agrotóxicos, proporcionando alimentos mais saudáveis e maior segurança ao produtor. É fundamental destacar esse tipo de inovação, mostrando que é possível reduzir produtos químicos e oferecer alimentos de melhor qualidade às famílias”, afirma.
“O controle biológico ainda é pouco conhecido, por isso eventos como o EmpreendeFest são essenciais para divulgar soluções e levar informação ao público. Pesquisamos desde 2018 e iniciamos a operação comercial em 2022. Hoje contamos com uma base sólida de estudos que garante segurança e qualidade aos consumidores”, complementa.
A academia também esteve presente no espaço, como explica Fabiana Fonseca Zanoelo, da Nativa Biotech. A startup é formada por quatro docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e um pesquisador. “Desenvolvemos um bioinsumo a partir de micro-organismos nativos do Pantanal, capazes de estimular o crescimento das plantas, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos. Como o Brasil depende da importação desses insumos, nossa solução contribui para diminuir custos de produção e agregar valor aos grãos e alimentos, além de ser uma alternativa sustentável”, explica a pesquisadora e empreendedora.
“Ter espaço para apresentar deep techs em eventos como o EmpreendeFest é fundamental. Dentro das universidades existem muitas pesquisas, mas é necessário levá-las para a sociedade. Essa oportunidade de conversar com as pessoas e mostrar o que é feito na academia ajuda a aproximar a tecnologia do mercado e reforça a importância da bioeconomia, área na qual nosso produto está totalmente inserido”, acrescenta.

O que é uma deep tech?
Deep techs são startups que desenvolvem tecnologias de base científica e engenharia avançada para resolver problemas complexos e de grande impacto. Diferente de negócios digitais tradicionais, que geralmente focam em software e crescimento rápido, as deep techs nascem da pesquisa científica – muitas surgem de universidades e centros de inovação – e exigem alto conhecimento técnico, utilizando biotecnologia, inteligência artificial, nanotecnologia, novos materiais, entre outros.
Essas empresas geram impacto global, criando soluções capazes de transformar setores como saúde, energia, agricultura e meio ambiente, e têm ciclos de desenvolvimento mais longos, com necessidade de testes, validações e parcerias estratégicas antes de chegar ao mercado. No EmpreendeFest 2025, o público pode conhecer de perto essas empresas e conversar com os empreendedores que estão construindo o futuro.