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25 de Novembro de 2024

agronegócio

Cooperação técnica entre Embrapa e UFGD poderá beneficiar comunidades indígenas em Dourados

A Embrapa Agropecuária Oeste está estruturando um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que deve ser assinado em breve, com a Faculdade Intercultural Indígena (FAIND), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) para implantação do Sisteminha Embrapa/UFU/FAPEMIG, no campus Universitário. Algumas atividades já foram realizadas para viabilizar a elaboração do ACT, como reuniões e visitas. No dia 19 de setembro, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Laurindo André Rodrigues realizou uma palestra de apresentação da tecnologia social para professores e alunos de graduação e pós-graduação da FAIND.

Em sua apresentação, Laurindo salientou a importância do Sisteminha/UFU/FAPEMIG, pois fornece as ferramentas e os conhecimentos para a produção de alimentos de forma integrada e explicou “esse modelo produtivo pode contribuir para o empoderamento das comunidades tradicionais, especialmente as indígenas, promovendo autonomia, segurança alimentar (com acesso a alimentos nutritivos e saudáveis) e, quando bem manejado, geração de renda extra para as famílias e/ou comunidades”.

O pesquisador acredita que essa parceria representa um avanço significativo na promoção da sustentabilidade e da segurança alimentar, especialmente em comunidades tradicionais do Sul do Mato Grosso do Sul. Para ele, esse trabalho sinérgico facilita a disseminação do conhecimento sobre o Sisteminha Embrapa para estudantes, professores e comunidades, promovendo a educação ambiental e a autonomia alimentar.

“A implementação de uma Unidade do Sisteminha dentro da UFGD vai contribuir com a adaptação da tecnologia às condições específicas da região e dos povos tradicionais, além de estimular a realização de pesquisas para aprimorar o sistema de produção e desenvolver novas tecnologias para a agricultura familiar”, comemora Laurindo.

O professor da FAIND, Adenomar Neves de Carvalho, acredita que essa parceria institucional pode contribuir com o desenvolvimento sustentável das comunidades originárias e tradicionais atendidas, combinando o conhecimento técnico da Embrapa com os saberes tradicionais das comunidades. Para ele existe, inclusive, a possibilidade de surgirem novas tecnologias adequadas à realidade local, respeitando a cultura destes povos e a biodiversidade regional.

“Esse acordo gera oportunidades de fomentar a autonomia alimentar e econômica dessas comunidades, ao mesmo tempo em que promovemos práticas agrícolas sustentáveis e o uso eficiente dos recursos naturais. Além disso, os alunos da FAIND vão adquirir habilidades práticas e desenvolver um olhar crítico sobre as questões ambientais e sociais que impactam suas comunidades. Desta forma, vejo esse projeto como um espaço para o intercâmbio de saberes, onde a ciência e a tradição podem caminhar juntas em prol de um futuro mais sustentável e inclusivo”, salientou o professor.

Finalmente, ele destacou ainda que no longo prazo, esse acordo poderá proporcionar novas linhas de pesquisa e extensão na FAIND, permitindo que estudantes e pesquisadores se envolvam em projetos práticos, que terão impacto direto e mensurável na vida das comunidades.

Impacto – O Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste, Rafael Zanoni Fontes, reforçou a importância da parceria para a disseminação de práticas produtivas sustentáveis entre as comunidades tradicionais e acadêmicas. Para ele, a cooperação entre as instituições abre caminho para o fortalecimento das redes de pesquisa e extensão, fomentando a troca de conhecimentos entre pesquisadores, professores e estudantes da FAIND, além das comunidades tradicionais atendidas.

“A colaboração com a FAIND é fundamental para a adaptação de tecnologias, como o Sisteminha, às realidades regionais e culturais das comunidades. Essa troca de experiências entre as instituições contribui para a melhoria contínua de projetos voltados para o desenvolvimento sustentável e a promoção da segurança alimentar”, destacou Zanoni.

Além dos alunos que participaram da palestra, os professores Walter Roberto Marschner, Diane Araújo, Antônio Dari Ramos, Edir Neves Barbosa (todos da FAIND) e Michelle Pinheiro Vetorelli (FCA) também conheceram mais detalhes do Sisteminha.

Saiba Mais

A FAIND é uma unidade acadêmica da UFGD que desempenha um papel fundamental na formação de professores indígenas e na valorização das culturas originárias do Brasil e que foi criada com o objetivo de oferecer uma educação superior de qualidade, buscando promover a interculturalidade e o desenvolvimento de lideranças indígenas, quilombolas e campesinas capazes de transformar suas comunidades. Sua missão é formar profissionais das comunidades originárias e tradicionais que atuem como agentes de transformação social em suas comunidades, contribuindo para a valorização de suas culturas, línguas e conhecimentos tradicionais. A instituição busca promover uma educação que respeite a diversidade cultural e que seja capaz de fortalecer os povos indígenas em suas lutas por direitos e reconhecimento.

O Sisteminha Embrapa é uma tecnologia social inovadora que permite a produção de alimentos de forma integrada e sustentável em pequenas áreas. Ele consiste em módulos de produção interligados, como tanques de peixes, hortas e composteiras, que se beneficiam mutuamente. Essa sinergia garante a produção de alimentos variados e nutritivos, reduzindo a necessidade de insumos externos e gerando menos resíduos.

O Sisteminha Embrapa promove a utilização de recursos naturais de forma racional, reduzindo o impacto ambiental e contribuindo para a conservação da biodiversidade. A produção de alimentos saudáveis e nutritivos contribui para a segurança alimentar das comunidades, reduzindo a dependência de alimentos industrializados e melhorando a qualidade de vida.

Recursos

No processo de disseminação da tecnologia social no Estado, a Embrapa Agropecuária Oeste conta com o apoio financeiro de diversas fontes, o que faz parte de sua estratégia de sustentabilidade. Essa descentralização de recursos garante maior segurança para a difusão tecnológica, tornando a iniciativa menos suscetível a oscilações decorrentes da dependência de uma única fonte de financiamento.

Entre as principais fontes de apoio estão o projeto aprovado no Edital da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), referente à chamada Fundect/SEMADESC/SEAF 12/2023 – Extensão Tecnológica para Agricultores Familiares, Povos Originários e Comunidades Tradicionais.

Adicionalmente, está em execução um Termo de Execução Descentralizada firmado entre a Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (SETEQ/MDA) e a Embrapa Cocais. A iniciativa também conta com uma emenda parlamentar individual que reforça o compromisso com o desenvolvimento de comunidades tradicionais e a promoção de maior inclusão social.

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