agronegócio
Horta urbana é herança de amor pela produção de hortaliças
Abrangendo as principais cadeias produtivas da agricultura familiar, como horticultura, fruticultura, mandiocultura, apicultura, piscicultura e bovinocultura de leite, Mato Grosso do Sul possui mais de 4 mil propriedades que dependem exclusivamente de mão de obra familiar.
De acordo com Dorly Pavei, assessor técnico do Sistema Famasul, a agricultura familiar desempenha um papel crucial na economia nacional, isso porque a maioria dos produtores do Brasil integra a agricultura familiar. “A maior parte dos alimentos de hortifrutis consumidos hoje na mesa dos brasileiros é produzida pela agricultura familiar”, diz.
Essa produção se faz presente também no perímetro urbano. Buscando um novo hobby ou um negócio junto à família, o cultivo de hortas na cidade é uma opção para quem deseja trazer o campo para o ambiente urbano. “Os consumidores têm visto oportunidade em áreas de seus quintais, áreas sobressalentes, e que não são utilizadas, então surge a oportunidade de gerar uma renda com o cultivo com plantio de horta”, explica Pavei.
Procurando um novo recomeço após sair do emprego por volta de 2002, o produtor rural Valmir Pinheiro da Fonseca encontrou na agricultura uma opção para alternar a construção civil com a produção de hortaliças. Proprietário da horticultura Nova Canaã, em Campo Grande, localizada no bairro Parque Dallas, Valmir conta com o suporte da esposa e dois netos.
Ele explica que, no início, optou por pesquisar muito sobe o setor antes de colocar a mão na terra. “No início buscamos conhecimento, participando de palestras de cooperativas, pela internet e também buscando parcerias”, explica. Uma dessas parcerias foi com produtores da região que já tinham e poderiam compartilhar experiência, assim como o Senar/MS, com a ATeG Horticultura, auxiliando o produtor a cuidar de sua horta de maneira mais eficaz.
O neto de Valmir, Wilson Bonfim Júnior, de 23 anos, começou a auxiliar o avô há uns três meses e enxergou no novo negócio um refúgio para si mesmo. “Quando não estou aqui na horta , trabalho com uma loja de açaí. Mexer com gente no dia a dia acaba estressando um pouco, então aqui eu posso respirar, pois é um pouco do campo dentro da cidade”.
Wilson explica que seu avô sempre foi uma referência de trabalho e persistência. “Ele trabalha aqui na horta, mexe no galpão de construção civil, frequenta academia e até começou faculdade. Ele não pára”.
A horta da família, com todo o suporte do Senar/MS, produz uma grande variedade de hortaliças. Pimentas dedo-de-moça e bodinha, couve, alface americana, alface roxa, cebolinha, salsinha, tomate cereja, jiló, berinjela, couve-flor, brócolis, repolho, acelga, coentro, quiabo, vagem e abobrinha estão entre as opções.
“Hoje está bonito assim devido à assistência do Senar/MS. As pessoas gostam disso, de ver a qualidade do produto e saber que há apoio de um técnico. Todo esse suporte faz com que as pessoas vejam os produtos como sendo de boa qualidade”, explica, com orgulho.
Valmir vislumbra o futuro de sua horta. “Temos projetos de trazer idosos para a horta, como uma espécie de laborterapia, para que eles venham e colham uma plantinha, retirem um matinho, e aprendam com o conhecimento que vamos passar, enquanto eles tiram o estresse do dia a dia”, adianta.
Por enquanto, o produtor, junto de sua esposa e netos, continua sonhando e vende as hortaliças para mercados, hortifrutis, mercearias e moradores da região.