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18 de Dezembro de 2025

Política

“O Congresso, na verdade, está corrigindo um excesso do Judiciário”, Tereza Cristina sobre aprovação no Senado do PL da dosimetria

“O Congresso, na verdade, está corrigindo um excesso do Judiciário, quando condenou pessoas a 14 anos, 17 anos, por crimes de multidão, depredações. A dosimetria corrige esses exageros”, disse Tereza Cristina.

O Senado aprovou, na noite desta quarta-feira, 17/12, o chamado PL da Dosimetria (PL 2.162/2023), que deverá reduzir penas de condenados pela participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro. O texto foi aprovado com 48 votos a favor e 25 contrários. A matéria vai à sanção do Executivo.

O texto foi aprovado antes, durante a tarde, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com 17 favoráveis e 7 contrários, após um pedido de vista de quatro horas.

Pela proposta, quando os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático forem praticados em contexto de multidão, a pena será reduzida de um terço a dois terços. Para isso, o infrator não pode ter financiado ou exercido papel de liderança.

“Sempre me posicionei a favor da dosimetria. Acho até que nós já podíamos ter votado isso há mais tempo”, destacou a líder do Progressistas, Tereza Cristina (MS). “O Congresso, na verdade, está corrigindo um excesso do Judiciário, quando condenou pessoas a 14 anos, 17 anos. Gente que naquele fatídico 8 de janeiro cometeu sim crimes de multidão, participou de depredações. Devem ser punidas, mas não com penas tão desproporcionais”, defendeu. “A dosimetria corrige, portanto, esse exagero e libera muita gente que está condenada e presa já há anos”, completou a senadora.

Tereza Cristina elogiou o relatório do senador Esperidião Amin (PP-SC). “Ele apresentou um relatório que representa o consenso possível nesta Casa, neste momento”, definiu Tereza. ” O Senado é a Casa revisora, aqui é onde a gente se debruça sobre o projeto, analisa, para fazer, enfim, algumas correções, ainda que redacionais, que possam ser necessárias no projeto que veio da Câmara. Ajustar e aprimorar, de forma definitiva – é esse o papel do Senado”, explicou.

“Nós não queremos que a lei, a pretexto de beneficiar quem merece, favoreça quem não merece, outros criminosos que nada têm a ver com o que é classificado como crimes contra a democracia, democracia que é cerne do Poder Legislativo. Então é preciso que o legislador seja cauteloso – e essas cautelas foram tomadas pelo senador Amin”, completou Tereza.

Para Amin, desde que foi concebido na Câmara dos Deputados, o projeto busca “corrigir distorções” com foco nas condenações dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. O relator afirmou que o texto é o primeiro passo para uma futura anistia, e que “traz um alento, sem acirrar os ânimos”. “Há um consenso de que a mão [nos julgamentos] foi muito pesada. A narrativa de se tratar de “blindagem ampla” ou qualquer outra expressão que o valha não é verdadeira”, disse Amin.

Tempo de prisão

O projeto prevê o menor tempo possível de prisão para a progressão de regime, nos crimes contra o Estado democrático de direito, independentemente de o réu ser reincidente ou usar violência ou grave ameaça. Assim, o sentenciado deve ter bom comportamento e cumprir pelo menos 16,6% da pena para que passe de um regime mais severo para um mais brando. É o caso, por exemplo, do regime fechado ao semiaberto. Hoje, a porcentagem mínima é de 16%, quando o condenado é réu primário e não usou de violência.

Para isso, Amin acatou emenda do senador Sergio Moro (União-PR) ao texto, que altera a Lei de Execução Penal. Com exceção dos crimes contra o Estado democrático de direito, o texto mantém os percentuais atuais, que são maiores em caso de violência, grave ameaça e reincidência. Aquele condenado pela Justiça pela primeira vez que praticou o delito com violência, por exemplo, deve cumprir 25% da pena para ter a progressão.

Senadores aprovaram que o texto vá direto para sanção presidencial. Para isso, aprovaram requerimento do senador Rogerio Marinho (PL-RN) que pede que as mudanças da emenda de Moro sejam consideradas ajustes redacionais.

Acusado de fazer acordo para favorecer a aprovação do projeto na CCJ, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), admitiu que fez um “acordo no procedimento, não no mérito”, que previa a votação do PL 128, após o PL da Dosimetria.

“Assumo a responsabilidade. Não tinha sentido em empurrar com a barriga (a dosimetria) e tentar procrastinar se a maioria era favorável ao projeto. O presidente Lula vai dizer depois se sanciona ou veta”, disse Wagner. “Na CCJ, foram feitos três tentativas de adiar a votação, e perdemos as três”, acrescentou o líder do governo.

Senadores da base de apoio ao governo, como Renan Calheiros (MDB-AL), criticaram o acordo que envolveria aprovação no Senado do fim de isenções fiscais para setores produtivos e a taxação das bets e fintechs. A medida, aprovada na véspera, 16/12, na Câmara, deverá render ao governo uma arrecadação de cerca de R$ 22 bilhões. O projeto foi aprovado logo após o PL da Dosimetria.

Soma das penas

O projeto da Dosimetria proíbe a soma das penas nos crimes contra as instituições democráticas previstos no Código Penal, que será alterado. Para ser beneficiado, o infrator deve ter cometido mais de um crime no mesmo contexto. Assim, quem tentar abolir o Estado democrático de direito e, ao mesmo tempo, tentar depor o governo receberá apenas a pena mais elevada, com um aumento proporcional. A alteração oferece um cálculo mais vantajoso para os infratores desses crimes.

Pela legislação atual, o juiz pode somar penas de diferentes crimes cometidos por meio de uma única ação, caso praticada com essa intenção. Também é possível somar penas de crimes cometidos mediante mais de uma ação. Foi o que os ministros do STF fizeram com relação aos condenados pelos atos de 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

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