Política
Polícia Federal pede ao STF abertura de inquérito para apurar denúncias de extorsão na CPI das bets
Parentes do lobista Sílvio de Assis, que está sendo acusado de tentar extorquir empresários, são lotados no gabinete da Senadora Soraya Thronicke (Podemos/MS), relatora da Comissão
A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar uma suposta cobrança de propina no funcionamento da CPI das Bets, em curso no Senado, segundo reportagem do Estadão.
A denúncia é a de que o lobista Sílvio de Assis se apresenta a representantes de casas de apostas e promete blindá-los de convocações e indiciamentos na CPI com base na influência que teria sobre integrantes da comissão.
Ao menos um pedido de propina teria sido apresentado pelo lobista Silvio Barbosa de Assis ao empresário Fernando Oliveira Lima, o Fernandin Oig, de Teresina (PI).
O vice-presidente da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE) também pediu para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abra uma investigação.
Os advogados de Fernando não comentaram. A reportagem não conseguiu contato com Assis. Ele tem negado a denúncia e afirmado que comparece às reuniões da CPI por interesse na produção de um documentário sobre o tema.
A entrada da PF no caso foi publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmada também pelo Estadão.
Em funcionamento desde o início de novembro, a CPI foi criada para investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas on-line no orçamento das famílias brasileiras”.
A relatora da CPI, Soraya Thronicke (Podemos/MS), negou qualquer vínculo com o lobista e reagiu com indignação às acusações de extorsão. No entanto, parentes de Sílvio Assis são lotados no gabinete da Senadora, como a irmã do lobista, Sandra Barbosa de Assis e o genro dele, David Vinicius Orue de Oliveira.
Sobre os familiares de Silvio em seu gabinete, a senadora disse que os contratou pelo “perfil técnico e profissional de ambos”. Disse ainda que conheceu o lobista “por intermédio de vários senadores”.
Diz que, na verdade, tem sido ameaçada e intimidada por senadores que atuam conforme o interesse das bets e que agem para que elas não sejam investigadas.
Em nota, a senadora diz que tem “recebido denúncias graves e preocupantes sobre o possível envolvimento de parlamentares e seus familiares em esquemas ilícitos, incluindo a realização de lobby para empresários donos de sites de apostas ilegais e influenciadores, com o objetivo de evitar convocações para comparecimento à CPI”.
Fernando é dono do One Internet Group (Oig), empresa baseada no Piauí, e apontado como um dos principais difusores do “jogo do tigrinho” no Brasil. Ele chegou a ser convocado pela CPI e prestou depoimento no dia 26.
A convocação do empresário foi requerida pela relatora. No depoimento, ele afirmou que sua empresa tem autorização para funcionar no Brasil e segue as regras mais recentes do Ministério da Fazenda.
O lobista Silvio de Assis confirmou que procurou empresários do setor de apostas no país, mas afirmou que seria para oferecer o serviço de “relações governamentais”. Sobre o fato de acompanhar presencialmente as sessões da CPI no Senado, Sílvio de Assis disse que está produzindo um “documentário sobre apostas e jogos no Brasil.”
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG) vem sinalizando que vai atuar para encerrar a CPI das Bets antes do prazo estipulado, que seria até abril de 2025.
***Com informações Veja, Estadão e Folha de São Paulo