agronegócio
Recuperação de pastagens degradadas aumenta produtividade agrícola e sustentabilidade

O Governo Federal publicou recentemente a resolução que define as regras gerais do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD). A iniciativa conecta produtividade, sustentabilidade e segurança alimentar, podendo movimentar até US$ 1 bilhão e gerar R$ 10 bilhões em financiamentos, segundo estimativas do projeto.
Dados oficiais mostram que o Brasil possui 159 milhões de hectares de pastagens, representando 18,5% do território nacional, dos quais 78% estão degradados, em níveis que variam de intermediário a severo.
Thiago Maschietto, CEO da SBS Green Seeds, destaca que o programa é essencial para o cumprimento das metas brasileiras em acordos internacionais de agricultura de baixa emissão de carbono. “Não há necessidade de abrir novas áreas, basta recuperar as pastagens improdutivas e sermos mais eficientes onde já estamos”, afirma.
A recuperação das áreas degradadas traz ganhos econômicos, como aumento da lotação animal e maior produção de grãos, fibras e madeira em menor espaço. Além disso, a diversificação de renda é estimulada por sistemas integrados, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), gerando novas fontes de receita.
O impacto social também é significativo. Pequenos e médios produtores podem acessar crédito e assistência técnica, enquanto a intensificação sustentável cria empregos qualificados para manejo e aplicação de tecnologias. “Outro benefício é ambiental, com redução do desmatamento, sequestro de carbono e conservação dos recursos naturais”, acrescenta Maschietto.
Solo saudável é a base da produção
A recuperação de pastagens começa pelo cuidado com o solo, essencial para a produtividade agrícola e a sustentabilidade ambiental. Solo bem manejado aumenta a retenção de água, ciclagem de nutrientes e suporte à biodiversidade, além de reduzir erosão e mitigar impactos das mudanças climáticas.
Para Hemython Luis Bandeira do Nascimento, engenheiro agrônomo e gerente de P&D da SBS Green Seeds, “o pecuarista que não se preocupa com a base da produção está perdendo dinheiro, pois o pasto é seu maior patrimônio”.
A degradação ocorre quando os nutrientes do solo são extraídos sem reposição. Para reverter o processo, é necessário investir em tecnologias adequadas. Nascimento explica que a SBS oferece forrageiras com alto potencial radicular, adaptadas a diferentes solos e climas, permitindo combinações de espécies que aceleram a ciclagem de nutrientes e estimulam a atividade microbiana.
Os benefícios atingem também a parte aérea das plantas, que contribuem para a matéria orgânica do solo, aumentam a cobertura e protegem o ecossistema. Pastos mais produtivos também removem carbono da atmosfera, fixando-o no solo e contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
Com manejo eficiente, é possível gerar economia financeira. “Uma área degradada pode receber cultura temporária como soja ou milho e, após a colheita, o plantio do capim garante a reforma da pastagem praticamente a custo zero”, exemplifica Nascimento.