agronegócio
Soja ganha força no mercado global com apoio de prêmios de exportação

A continuidade da disputa tarifária entre Estados Unidos e China, somada à ausência de compras chinesas da soja americana, tem favorecido o produto brasileiro. E esse movimento deve se estender pelo menos até meados de outubro de 2025.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, entre janeiro e julho de 2025, o Brasil embarcou 77 milhões de toneladas de soja, um aumento de 2% em relação ao mesmo período de 2024. A projeção é que as exportações da safra 2024/25 alcancem 110 milhões de toneladas, consolidando o país como principal fornecedor global mesmo no segundo semestre — período tradicionalmente dominado pelos Estados Unidos.
Apesar da safra recorde e da recomposição dos estoques globais, os prêmios de exportação nos portos brasileiros vêm sustentando os preços internos. Em agosto, as cotações domésticas ficaram praticamente estáveis em relação ao mesmo mês de 2024, contrariando pressões de baixa que, em condições normais, tenderiam a reduzir os valores.
Enquanto ajudam a manter os preços da oleaginosa, os prêmios mais altos também comprimem as margens de esmagamento no Brasil. No primeiro semestre de 2025, o processamento alcançou um recorde de 28,8 milhões de toneladas, mas em junho houve retração de 7% frente a maio, reflexo do encarecimento da matéria-prima.
A expectativa para a próxima temporada é de um crescimento de apenas 1,5% na área cultivada, abaixo da média histórica de 3,5%. Com base no desempenho esperado da produtividade, a produção deve atingir 175 milhões de toneladas – margens apertadas, juros elevados e incertezas geopolíticas têm reduzido o apetite dos produtores por novos investimentos.