Economia
Tarifaço de Trump ainda inclui pescado e um total de 22% das exportações brasileiras com destaque para o setor industrial
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) lamentou a manutenção da tarifa de 50% ao produto nacional importado pelos EUA. Em nota, a entidade destaca que a decisão beneficia segmentos do agronegócio, mas não menciona o pescado brasileiro, que movimenta cerca de US$ 300 milhões por ano nas vendas para o país norte-americano — atualmente, o maior comprador desses itens no mundo.
“Estamos, obviamente, satisfeitos pelos setores brasileiros que avançaram, mas é impossível esconder nossa frustração. Não houve evolução alguma para o pescado, e isso mostra que essa pauta não tem recebido a priorização necessária por parte do governo brasileiro. O setor gera empregos, movimenta a economia e tem enorme potencial de expansão, mas continua invisível nas negociações com os Estados Unidos”, destaca o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo.
Exportações ainda afetadas
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com a retirada de 238 produtos do tarifaço de Trump, 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano.
A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40%para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.
Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
- US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
- US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
- US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.
De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.
Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou. Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados. O MDIC acima que o Brasil permanece em negociação com os EUA.

