Connect with us
15 de Junho de 2025

Economia

Tarifaço de Trump impõe taxa de 10% para o Brasil, cria nova Ordem Econômica Mundial e pode abrir novos mercados para etanol e commodities agrícolas

O “tarifaço” global sobre impostos de importação anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impõe uma taxa de 10% para os produtos brasileiros.

Trump prometeu implementar tarifas recíprocas a países que cobram taxa de importação de produtos americanos. O presidente dos EUA anunciou tarifa de 20% sobre a União Europeia, 34% sobre a China e 46% sobre o Vietnã.

O presidente confirmou ainda uma taxa de 25% sobre todos os veículos importados.

Em transmissão da Casa Branca, ele disse que a aplicação das tarifas aos outros países “é uma medida gentil” que tornará os “Estados Unidos grande novamente”.

Segundo ele, as tarifas recíprocas serão de ao menos metade da alíquota cobrada pelos outros países, com uma taxa mínima de 10%.

No anúncio, ele fez críticas aos governos passados, em especial a administração de Joe Biden, por terem deixado outros países aplicarem elevadas taxas aos produtos norte-americanos, impactando a indústria nacional. Segundo ele, esses países “estão roubando” e “levando vantagem” dos EUA.

Nova Ordem Econômica

As tarifas de Donald Trump atingem um dos pilares da economia global. As trocas comerciais entre os países equivalem a mais da metade de toda a riqueza produzida no planeta.

Uma nova ordem econômica“, na avaliação de Pedro Brites, professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas -“Essencialmente, se a gente pensa nas últimas três, quatro décadas, o comércio global tem sido um dos pilares da economia internacional. Tanto pelo fato de que ele aprofundou a complementaridade entre economias do planeta inteiro, ou seja, países podendo exportar determinados produtos, importar outros, mas também como reduzir custos de produção”.

Com as tarifas mais altas ao vender para os Estados Unidos, os exportadores brasileiros podem ganhar espaço em outras nações também alvejadas na guerra comercial. “O Brasil pode ter na Europa, que também vai pensar em medidas de retaliação, uma oportunidade interessante, até pelo avanço do acordo entre o Mercosul e a União Europeia”, avalia Brites.

Novos Mercados

Já Hugo Garbe, professor de economia da Universidade Mackenzie diz que a realocação para o etanol tende a ter baixa complexidade. Atingido pelas tarifas recíprocas da Casa Branca, o biocombustível nacional, fabricado a partir da cana-de-açúcar, é mais sustentável e pode encontrar facilmente outros importadores. “Isso pode abrir portas em países da Ásia, Europa e até África, onde há maior preocupação ambiental”, prevê Garbe.

Nesse cenário, a guerra comercial pode se tornar uma oportunidade estratégica, caso o Brasil amplie acordos bilaterais e regionais.

E Mato Grosso do Sul pode pegar carona neste movimento e sair ganhando, principalmente com abertura de novos mercados para grãos, carne e etanol.

Veja algumas das tarifas anunciadas por Trump

País Taxa
China 34%
União Europeia 20%
Vietnã 46%
Taiwan 32%
Japão 24%
Coreia do Sul 25%
Tailândia 36%
Suíça 31%
Indonésia 32%
Reino Unido 10%
África do Sul 30%
Brasil 10%
Bangladesh 37%
Singapura 10%
Israel 17%
Filipinas 17%
Chile 10%
Austrália 10%
Paquistão 29%
Turquia 10%
Sri Lanka 44%
Colômbia 10%

Estados Unidos são principal destino de exportações da indústria de transformação brasileira

Os EUA são o segundo principal parceiro comercial do Brasil. Somente em 2024, os produtos norte-americanos responderam por 15,5% nas importações recebidas pelo Brasil. Por outro lado, 12% das exportações nacionais foram destinadas aos EUA. Entre todas as vendas, os destaques ficam por conta do petróleo bruto, do ferro e aço, das aeronaves e do café.

Os país é o principal destino das exportações brasileiras da indústria de transformação, especialmente de produtos de maior intensidade tecnológica, além de liderarem o comércio de serviços e os investimentos bilaterais. Somente em 2024, a indústria de transformação brasileira exportou US$ 31,6 bilhões em produtos para os EUA. Nesse ano, a cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,6 bilhões em produção.

Um levantamento da CNI destaca os produtos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. De 20 itens analisados, em 13, os EUA são os principais compradores do produto brasileiro.

Confira os principais produtos exportados aos EUA e a participação na exportação total:

  1. Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos – os EUA são destino de 11,5% das exportações do produto;
  2. Outros produtos semimanufaturados, de ferro ou aços, não ligados, contendo em peso < 0,25% de carbono, de seção transversal retangulares – os EUA lideram como destino de 74,5% das exportações desse produto;
  3. Ferro fundido bruto não ligado, contendo, em peso <= 0,5% de fósforo – os EUA lideram como destino de 71% das exportações do produto;
  4. Café não torrado, não descafeinado – os EUA são destino de 18% das exportações do produto;
  5. Aviões e outros veículos aéreos, de peso > 15.000 kg, vazios – os EUA lideram como destino de 54,5% das exportações do produto;
  6. Pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, semibranqueada ou branqueada – os EUA são destino de 14,7% das exportações do produto;
  7. Produtos semimanufaturados, de outras ligas de aços – os EUA lideram como destino de 94,9% das exportações do produto;
  8. Outros óleos de petróleo ou de minerais betuminosos e preparações, exceto desperdícios – os EUA são destino de 7,1% das exportações do produto;
  9. Aviões e outros veículos aéreos, de peso > 2.000 kg e <= 15.000 kg, vazios – os EUA lideram como destino de 97,4% das exportações do produto;
  10. Bulldozers e angledozers, de lagartas, autopropulsores – os EUA lideram como destino de 58,7% das exportações do produto;
  11. Carregadoras e pás carregadoras, de carregamento frontal, autopropulsores – os EUA lideram como destino de 57,3% das exportações do produto;
  12. Carnes de bovino, desossadas, congeladas – os EUA são destino de 4,6% das exportações do produto;
  13. Madeira de coníferas, perfilada – os EUA lideram como destino de 98% das exportações do produto;
  14. Óleos leves e preparações – os EUA lideram como destino de 46,7% das exportações do produto;
  15. Preparações alimentícias e conservas, de bovinos – os EUA lideram como destino de 59,7% das exportações do produto;
  16. Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados – os EUA são destino de 12,8% das exportações do produto;
  17. Óxidos de alumínio, exceto corindo artificial – os EUA são destino de 13,8% das exportações do produto;
  18. Sucos de laranja não congelados, não fermentados, com valor Brix <= 20 – os EUA lideram como destino de 54% das exportações do produto;
  19. Outras partes para motores diesel ou semidiesel – os EUA lideram como destino de 30,8% das exportações do produto;
  20. Niveladores – os EUA lideram como destino de 45,3% das exportações do produto.

Com o tarifaço, a maioria dos economistas acredita que a intenção de Trump é, ostensivamente, revitalizar a manufatura nos Estados Unidos e corrigir desequilíbrios comerciais, além de recuperar os empregos fabris americanos. No entanto, uma corrente econômica acredita que o tarifaço,  ao deixar os produtos norte-americanos mais atrativos, pode enfraquecer o dólar globalmente.

Continue Lendo
Clique para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Tudo que é notícia no Mato Grosso do Sul aparece aqui. Ficou mais fácil e rápido ter acesso aos fatos que importam para o seu bolso, a política, a economia, o meio-ambiente, o setor produtivo e tudo o mais que acontece nos 79 municípios.

Contato
conectems.ms@gmail.com
67 99272 9790

Web site criado e mantido pela UCR Comunicação Ltda
Matriz Brasília/DF: SQNW 108, Bloco G, Noroeste, (61) 3257 5794
Filial Campo Grande: Av. Afonso Pena, 5723 - Sala 1504, Bairro Royal Park, Edifício Evolution Business Center
Todos os direitos reservados