Economia
Governo Federal confirma leilão da Hidrovia do Rio Paraguai para dezembro de 2025

O leilão para concessão da Hidrovia do Rio Paraguai será realizado em dezembro de 2025, na sede da B3, em São Paulo. A confirmação foi dada nesta semana pelo Governo Federal. A iniciativa prevê a administração de aproximadamente 600 quilômetros do rio, entre Ladário e Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, com investimentos estimados em mais de R$ 60 milhões.
Inicialmente previsto para julho, o leilão foi adiado para dezembro por decisão do Ministério de Portos e Aeroportos. Esta será a primeira concessão de hidrovia do país, com foco em modernizar e ampliar a eficiência do transporte fluvial no Estado, reduzindo custos logísticos e impulsionando a competitividade da produção mineral e agrícola da região.
Além de dragagem, balizamento, sinalização e implantação de sistemas de gestão de tráfego hidroviário, o contrato de concessão terá duração inicial de 15 anos, com possibilidade de prorrogação. A expectativa é de aumento significativo no volume de cargas transportadas, fortalecendo a integração logística do Estado com o restante do Brasil e países do Mercosul.
Para o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), a concessão é estratégica para o desenvolvimento regional. “Representa um divisor de águas para a economia do Estado, principalmente ao destravar gargalos logísticos que hoje encarecem a produção mineral e agrícola. Além disso, reforça o protagonismo histórico de Corumbá e Ladário na navegação fluvial do Brasil e do Mercosul”, destacou.
O secretário também enfatizou o compromisso ambiental do projeto, que prevê mais de R$ 40 milhões em ações diretas de mitigação e modernização da sinalização da hidrovia. “Isso contribuirá de forma concreta com a estratégia estadual de atingir o carbono zero até 2030, fortalecendo a posição de Mato Grosso do Sul como modelo de desenvolvimento sustentável e inovador no país”, afirmou.
Entre os impactos esperados está a redução no tráfego de carretas ao longo da rodovia BR-262, principal corredor rodoviário da região, com ganhos em segurança viária, redução de emissões de CO₂ e menor custo de manutenção da malha rodoviária.
A ampliação da capacidade de escoamento também deve impulsionar a produção mineral local, especialmente de minério de ferro e manganês. Segundo o coordenador de Mineração da Semadesc, Eduardo Pereira, a operação plena da hidrovia vai gerar empregos no setor mineral e ampliar a arrecadação de tributos como ISS e CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), além de encargos federais.
Apesar dos avanços, o projeto ainda está em análise técnica pelo Ibama e enfrenta resistência por parte do Ministério do Meio Ambiente, que avalia os possíveis impactos ao bioma pantaneiro. O Ministério de Portos e Aeroportos argumenta que a hidrovia é um modal de baixo impacto ambiental, com medidas de controle previstas para garantir a viabilidade ambiental do empreendimento.
A expectativa é que a Hidrovia do Rio Paraguai se consolide como eixo estruturante da logística integrada nacional e internacional, reforçando o papel estratégico de Mato Grosso do Sul como hub mineral, agrícola e logístico da América do Sul.