Não cabe a presidente de outro país opinar sobre Judiciário, diz Rui Costa

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse, nesta segunda-feira (7), que não cabe a um presidente de outro país opinar sobre o Poder Judiciário brasileiro e defendeu a atuação do chefe do Executivo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no caso.

A fala acontece após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defender Jair Bolsonaro (PL) pelas redes sociais.

“O que o presidente [Lula] fez, como qualquer presidente de nação soberana precisa fazer, é dizer que aqui tem lei. Que aqui tem uma Suprema Corte, que é quem define de forma autônoma os processos judiciais”, disse Costa durante entrevista ao “Roda Viva”, da TV Cultura.

“E não cabe ao presidente de outra nação entrar e opinar sobre a ação do Judiciário. E muito menos ameaçar países com tarifas. O Brasil é livre para fazer relações comerciais com outros países. E até o final do ano pretendemos fechar um acordo do Mercosul com a União Europeia”, prosseguiu.

Em publicação feita na Truth Social, o presidente dos EUA não menciona diretamente as ações judiciais contra Jair Bolsonaro, mas fala em perseguição e reafirma a inocência do ex-presidente.

“Estarei assistindo a caça às bruxas de Jair Bolsonaro, de sua família e de milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelos eleitores do Brasil — isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz!”, escreveu Trump.

“Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, continuou o norte-americano.

Bolsonaro é réu na ação penal do STF que investiga um plano de golpe após as eleições de 2022. Ele é acusado por cinco crimes, entre eles organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, e golpe de Estado.

O ex-presidente também está inelegível até 2030 após sofrer condenações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Lula, por sua vez, pediu que Trump “não palpite sobre nossa vida”. “Esse país tem lei, tem regra e esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, de palpite na sua vida e não na nossa”, o líder brasileiro.