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29 de Outubro de 2025

Cultura/Turismo

Bienal Pantanal traz representantes do Ministério da Cultura e da Fundação Itaú Cultural

A 1ª Bienal Pantanal prosseguiu nesta segunda-feira (06) com palestras e debates em torno do ecossistema da cultura do livro. Logo após a palestra do Diretor do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas/MinC, Jéferson Assumção, foi a vez da Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Cultural, Luciana Barroso Campos, falar sobre as políticas de fomento ao acesso ao livro e à leitura dessa instituição, durante o Seminário do Plano Nacional do Livro.

Diretor Minc

Para o diretor do Minc, Jéferson Assunção, é importante pensar sobre a leitura da era digital porque existem grandes transformações no sistema literário atual. “Aquele sistema literário que a gente aprendeu, o Antônio Cândido, autor, obra, público, esse sistema literário é absolutamente impactado pela cultura das tecnologias. Não é mais o autor que escreve, aí o editor faz a obra e o público recebe, simplesmente. É muito mais do que isso hoje em dia. Não existe mais apenas essa linearidade autor, obra, público. Hoje, com o mundo digital, com as transformações tecnológicas que nós estamos vivendo, a gente tem inversões disso, inclusive. O público é o próprio autor de várias coisas, compreendem? Inclusive, o público vira o seu editor, o leitor é o editor, e o autor é o editor também, vocês entendem? Essas transformações são transformações exatamente na base, na base de uma economia da cultura, de uma economia criativa impactada pelas novas tecnologias”.

-“Está todo mundo com medo, mas ao mesmo tempo uma juventude se apropriando dessas tecnologias. As escolas estão com medo, tá todo mundo com medo do que eu chamo de o triunfo da informalidade. As tecnologias trouxeram o triunfo da informalidade, tudo o que é formal está se desmanchando no ar. Todas as formalidades, vocês entendem? Aquilo que foi, quem cresceu na era do livro, quem cresceu na era das formalidades, de uma língua correta, bem entre aspas, de uma forma que se coloca acima das outras formas, por exemplo, tudo isso está em crise. E por que que está em crise? Porque exatamente existem grandes transformações. No sistema literário, autor, obra, público, as formas como as pessoas interagem umas com as outras, como você não precisa mais ter aquela mediação, as legitimações de antigamente. Agora, com a internet, nós temos uma outra coisa, que não é mais o Estado, o mercado, ou o sindicato, ou a igreja, ou a sociedade civil organizada. É um conjunto enorme de coisas que a gente está tendo acesso agora, chamado o comum, que é o que vem a partir de uma outra legitimação. Uma legitimação de likes, shares, views, é outra legitimação. Por que começa a surgir um monte de gente aqui nesse campo, na cultura digital? Às vezes, do nada, surgiu uma nova escritora, um novo escritor”, comentou Jeferson.

O palestrante disse que esse universo novo que surge com a internet e redes sociais é um universo ainda enigmático para todos nós mas que a saída não é ser contra. “Nós temos que ter, primeiro, uma responsabilidade enorme de fazer a conexão entre o mundo do livro e essa leitura digital. A perspectiva mais errada possível é a gente ser contra. Mas os bibliotecários não podem, nem os gestores, nem os professores, nenhum de nós pode estar desatento em relação a isso que está acontecendo. Por quê? Porque isso é a realidade. Isso é avassalador. Não vai voltar atrás. Não vai voltar para um lugar. Todos nós que nascemos no mundo do livro, na era tipográfica, eu, por exemplo, o que acontece com a gente hoje? Hoje nós estamos vivendo o último momento daqueles que nasceram no mundo dos livros, o último, que se relaciona com as primeiras gerações de nativos digitais.

Itaú Cultural

A Fundação é composta pelo Itaú Cultural, Itaú Educação e Trabalho, Itaú Social. O Itaú Cultural está quase completando 40 anos e trabalha com arte-cultura, democratização da arte-cultura brasileira. O Itaú Educação e Trabalho trabalha com ensino técnico, ensino médio técnico, apoiando políticas públicas para ensino técnico médio. E o Itaú Social trabalha com a educação infantil e anos finais do Fundamental II, o novo ano, a transição do fundamental para o ensino médio. “Então, essa é uma jornada integrada entre educação, arte, cultura. Agora, com a educação integral, a gente vem trabalhando cada vez mais nessa agenda. Tem que ser a educação integral, não o tempo integral, mas sim a integralidade da educação, que passa por passos muros da escola e tantos outros equipamentos. E a gente sempre fala que a Fundação Itaú era uma entidade privada com o espírito público, porque o nosso desejo é trabalhar assim com o poder público, com a sociedade civil, para gerar transformações relevantes para a sociedade brasileira”.

Uma questão, segundo Luciana, bastante debatida na Fundação Itaú, é a importância das famílias e dos professores dentro da arte e da cultura. “O que a gente viu até em outras pesquisas, que eu não trouxe aqui, é que quando a gente fala de famílias de classe A e B, as famílias têm uma responsabilidade maior. Na verdade, uma oportunidade maior em apresentar arte e cultura em suas diversas linguagens para as crianças, pensando nessa formação de público, independente da linguagem artística. Quando a gente vai para a classe C, D e E, a escola tem um papel fundamental nisso. É a escola que leva pela primeira vez uma bienal, é a escola que leva pela primeira vez um equipamento cultural, que apresenta o teatro, que apresenta as artes de uma forma geral. Então, muito importante estar aqui vendo as escolas chegando, os alunos chegando, porque sim a escola tem um papel fundamental na formação desse público. E aqui foi muito falado dessa leitura crítica e dessa leitura que a gente está falando, dessa mediação dos professores, das professoras, dos bibliotecários, para de fato poderem transformar essas crianças em leitoras, não só durante o período escolar, mas para a vida como um todo”.

Uma pesquisa feita em Campo Grande trouxe a porcentagem de 47% pessoas que tiveram contato com livros no último ano e 26% que declarou nunca ter tido contato com livro. Também 15% que declara ter tido contato com uma biblioteca nos últimos 12 meses e 48% que declara nunca ter tido contato com uma biblioteca ao longo da vida. E quando a gente vai para a Feira do Livro, a gente tem 9% de pessoas que declaram ter ido a uma Feira do Livro nos últimos 12 meses e 73% que declaram nunca ter ido a uma Feira do Livro na vida. “Por isso que uma Bienal do Pantanal aqui é tão importante. Acho que essa foi a reflexão, pensar quantas e quantas pessoas que vão passar aqui, nesses dias que vão mudar aquele indicador, vão mudar aquele percentual de nunca ter tido acesso a uma Feira do Livro, a uma vivência. Eu vejo as crianças de novo, eu trago as crianças, eu sou mãe de dois pequenos, então pra mim criança é uma coisa muito viva, além do meu fazer na minha vida pessoal e aí é uma forma direta da gente mudar essa realidade. E essa pesquisa também traz esse olhar histórico, são duas tomadas, 2014 e 2024, é claro que a gente teve uma pandemia aqui no meio, mas são os dados que temos”.

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