Economia
Consórcio K&G vence leilão da rota da celulose com desconto de nove por cento

O Consórcio K&G arrematou agora a pouco, nesta quinta-feira (08), a concessão da Rota da Celulose, durante leilão realizado na sede da B3, em São Paulo. Formado pelas empresas K-infra concessões e Galápagos participações, o Consórcio venceu o certame oferecendo desconto de 9% sobre a tarifa-teto de pedágio.
O critério de maior desconto tarifário definiu a concessão. A proposta vencedora apresentou um desconto de 9% em relação à tarifa-teto, o que implica a obrigatoriedade de um aporte financeiro de R$ 217.389.913,70 ao percentual oferecido.
No consórcio vencedor, empresa K-Infra opera a Rodovia do Aço.A concessão soma 200,4 quilômetros de extensão da BR-393 (Rodovia Lúcio Meira), da divisa entre os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro ao entroncamento com a BR-116 (Via Dutra), em Volta Redonda, na região Sul Fluminense.
Desenvolvimento
“Este projeto foi discutido nos últimos dois anos, com muitas reuniões e planejamento para chegarmos ao final deste processo no dia de hoje, com empresas que acreditaram na proposta, todas idôneas. Daqui para frente seremos parceiros nos desafios para que o projeto seja feito de maneira exata como foi elaborado”, destacou o governador Eduardo Riedel.
Riedel também comentou que o Governo Federal foi parceiro ao delegar as rodovias BR-262 e BR-267, confiando no Governo de Mato Grosso do Sul e no projeto apresentado. “Esta concessão vai alavancar o desenvolvimento do nosso Estado. Isto demonstra que Mato Grosso do Sul tem grandes oportunidades para diversos segmentos da economia”.
Finalizando sua fala, Riedel ressaltou os bons projetos existentes no Estado para iniciativa privada participar em parceria com o setor público, sendo que a concessão da Rota da Celulose faz parte de uma reconfiguração completa da infraestrutura regional. “Saio Daqui extremamente otimista para construirmos o Estado que sempre sonhamos”.
Já o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou o trabalho de Riedel à frente do Governo do Estado, “com liderança clara e capacidade de diálogo”, frisou. “Faço parte daqueles que concordam que está fazendo o que o Estado precisa fazer para avançar mais rápido, conduzindo pelo caminho correto para melhorar a vida das pessoas e induzir o desenvolvimento econômico”.
Renan Filho ainda prosseguiu afirmando que a sensação ao ver o sucesso do certame é de dever cumprido. “Este mês é o mês de Mato Grosso do Sul na B3. Teremos ainda o leilão da otimização da BR-163, e isso vai somar R$ 25 bilhões em investimentos no Estado. Fico feliz de ver também que estão sendo atraídos novos grupos para esses leilões, como a Galapagos”, finalizou.
Também presente no leilão, a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) disse que o êxito do certame mostra que este é o Brasil que queremos e este é o Brasil que podemos ter. “Só podemos ter ele [crescendo e investindo] em parceria com a iniciativa privada, com investimentos públicos para dar o suporte de infraestrutura necessário para o seor privado fazer o que sabe fazer de melhor, que é produzir emprego e renda, alavancando o desenvolvimento”, concluiu.
Responsável pela estruturação do projeto, a secretária de Parcerias Estratégicas do Estado, Eliane Detoni, comentou o resultado do leilão. “Essa disputa mostrou que o projeto é robusto, tem segurança jurídica e a previsibilidade necessárias para uma boa execução. Quando se tem competição, quem ganha é o usuário da rodovia. Nosso foco será sempre a qualidade do serviço prestado e modicidade tarifária”.
Head de Private Equity da Galápagos Capital, Rafael Gonçalves afirmou que o consórcio está confiante na execução deste grande projeto. “Estamos comprometidos em fazer com que essa concessão seja um sucesso, e contribua fortemente para a economia de Mato Grosso do Sul e em seu crescimento, assim como no do Brasil”.
Participaram da solenidade o governador Eduardo Riedel, os secretários Rodrigo Perez (Governo e Gestão Estratégica), Guilherme Alcântara (Infraestrutura e Logística) e Eliane Detoni (EPE), e o diretor-presidente da Agems (Agência de Regulação), Carlos Alberto de Assis, além do deputado estadual Pedro Caravina, do presidente do Tribunal de Justiça, Dorival Pavan, e do defensor público-geral Pedro Paulo Gasparini. Já pelo Governo Federal, estavam presentes os ministros Renan Filho e Simone Tebet.
Também articiparam do leilão as empresas Rotas do Brasil S.A., com 5% de desconto na tarifa e aporte de R$ 137.206.420,91; o Consórcio Caminhos da Celulose (XP), com 8% de desconto e aporte de R$ 195.619.568,80; e o BTG Pactual, com 4% de desconto e aporte de R$ 118.827.772,70.
O contrato de concessão abrange 870,3 quilômetros de rodovias estaduais e federais no Mato Grosso do Sul, integrando os trechos da BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395.
O projeto prevê um investimento total de cerca de R$ 10,1 bilhões ao longo dos 30 anos de vigência, incluindo obras de ampliação, duplicação e melhorias na infraestrutura viária. As principais intervenções estão concentradas nos primeiros oito anos de contrato, com a meta de garantir melhorias antecipadas na malha rodoviária.
As obras devem ser iniciadas após a assinatura do contrato de concessão, com um prazo de até um ano para o início da cobrança. O projeto inclui 12 pórticos de pedágio distribuídos entre os municípios de Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Campo Grande, Santa Rita do Pardo, Bataguassu, Nova Andradina e Novo Alvorada do Sul. Cada um desses pórticos terá tarifas diferenciadas, com os valores variando dependendo do município e da categoria do veículo.
MS vai receber mais de R$ 10bi
Principal exportador de celulose do Brasil, Mato Grosso do Sul receberá mais um importante investimento para sua infraestrutura rodoviária. O estado será contemplado com R$ 10,1 bilhões para obras de melhorias e ampliação da capacidade das estradas que concentram o maior fluxo de cargas da produção nacional da matéria-prima do papel.
Com o leilão promovido pelo Ministério dos Transportes nesta quinta-feira (8), municípios como Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Três Lagoas serão diretamente beneficiados com a nova administração privada do trecho de 870,3 quilômetros das rodovias federais BR-262/267 e estaduais MS-040/338/395, conhecida como Rota da Celulose.
Corredor Bioceânico
A concessão do trecho integra a estrada federal BR-267 que é o elo nacional da Rota Bioceânica, o mega corredor rodoviário que vai ligar o Centro-Oeste do Brasil ao Oceano Pacífico, cruzando o Paraguai e o norte da Argentina até chegar aos portos do Chile. O início do percurso começa pela cidade de Porto Murtinho (MS) e se estende até a ponte internacional no Paraguai. O corredor vai encurtar em cerca de 8 mil quilômetros o caminho até a Ásia (via Pacífico), comparado ao trajeto que passa pelos portos do Atlântico.
Desenvolvimento regional
A Suzano, maior produtora de celulose do mundo, com operação massiva em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (MS), utiliza intensamente a BR-262, parte da Rota da Celulose, para o transporte de cargas até os portos de exportação. A capacidade das fábricas da empresa instaladas no estado é de uma produção estimada em mais de 5,7 milhões de toneladas de celulose por ano. Além disso, a companhia vende para mais de cem países, com escritórios na Argentina, Inglaterra e China. O diretor da empresa Mauricio Miranda observa que a melhoria da logística nas estradas conversa com os interesses da empresa em trazer alternativas de expansão da unidade de Ribas do Rio Pardo. “Olhar para a infraestrutura viária, para as soluções que temos em Mato Grosso do Sul, nos ajuda na tomada de decisão desses investimentos.”
Outra empresa que vem investindo para expandir sua participação no setor da celulose por meio do estado de Mato Grosso do Sul é a Arauco. Em abril de 2025, foi dado início à construção oficial da primeira fábrica do grupo no Brasil. O diretor de Logística da Arauco, Alberto Pagano, diz que a nova unidade, com investimento de US$4,6 bilhões, será construída em etapa única e vai ter capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, com as operações iniciando até o final de 2027. “Nesta fase de construção, serão gerados 14 mil empregos, e na fase de operação da fábrica, serão mais de 6 mil empregos nas áreas florestal, industrial e de logística”, planeja.
O gerente comercial Endel Filipe Fernandes, que trabalha em um posto de gasolina na BR-262, conta que a unidade vem batendo recordes no abastecimento de combustível para veículos de carga, passando de 6 mil para cerca de 30 mil litros por dia, em menos de 120 dias de operação.
De acordo com ele, a expectativa, a partir do aumento esperado no fluxo de veículos na rodovia após a concessão, é de que o posto passe a implementar projetos comerciais para a nova demanda de consumidores, o que também vai gerar empregos e movimentar a economia local.