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07 de Outubro de 2024

agronegócio

Plantio da safra de soja vai exigir resiliência e profissionalismo dos produtores

Com o fim do vazio sanitário da soja, os produtores de Mato Grosso do Sul podem iniciar oficialmente o plantio da oleaginosa. Mas a tarefa vai exigir muito mais resiliência do produtor e profissionalismo neste ano. A avaliação é do secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico-Sustentável da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) Rogério Beretta, que participou na sexta-feira (13) do Lançamento Oficial do Plantio da Soja, na Famasul.

Durante o evento a Associação dos Produtores de Soja de MS (Aprosoja/MS) apresentou a previsão para este ciclo 2024/2025. De acordo com os dados, a expectativa é que a área destinada ao cultivo da oleaginosa atinja 4,5 milhões de hectares, um aumento de 6,8%, em comparação à safra de 2023/2024, quando foram destinados 4,2 milhões de hectares no Estado. Com relação à produtividade, a expectativa é de 51,7 sc/ha, avanço de 5,9% em comparação ao ciclo anterior.

No entanto, as condições climáticas adversas, com menor volume de chuvas, aumento no endividamento dos produtores, e preços ruins no mercado, podem reduzir esta projeção de crescimento. É que normalmente entre os meses de setembro e abril, Mato Grosso do Sul geralmente enfrenta sua estação chuvosa, mas a presença do fenômeno La Niña torna o volume de chuva incerto na região Centro-Oeste do Brasil. Atualmente, Mato Grosso do Sul está sob influência de um La Niña de intensidade fraca a moderada.

Segundo Beretta os produtores já enfrentaram adversidades e superaram os obstáculos. “Nós temos a certeza de que a resiliência dos produtores, fará com que eles continuem a superar as dificuldades e cresçam em produção no Estado”, ressatou.

Além disso, Beretta lembra que Mato Grosso do Sul está mudando sua base produtiva e investindo cada vez mais na diversificação de culturas. “Nós saímos do boi, fomos para a cana, a soja e o milho com produções elevadas. Agora temos a chegada forte do eucalipto com o anúncio de mais uma fábrica de celulose, que é a Bracell em Água Clara. Além disso, temos a chegada do amendoim e da laranja também num ritmo muito forte. Ambos as culturas que o Estado não tinha até o ano passado e hoje existe a sinalização de grandes investimentos. De mais de 20 mil hectares plantados, tanto de amendoim, quanto de projetos de laranja”, acrescentou.

Para Beretta, os projetos consolidam a diversificação de culturas no Estado. “Estamos diversificando, mas entendemos que em dados momentos, teremos dificuldades em um setor ou em outro, mas a resiliência do produtor rural fará com que tenhamos sucesso ao longo do ano. Isso vai exigir profissionalismo, tecnologia e apoio das associações produtoras que é fundamental”, enfatizou.

Abaixo do esperado

Na avaliação do secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Jaime Verruck, a projeção de safra pode ficar abaixo do esperado. “Essa projeção de 4,5 milhões de hectares, ela é baseada na taxa de crescimento dos últimos anos, mas não temos perspectiva de curto prazo de repetir esse desempenho. Então o cenário que nós olhamos e vamos acompanhar isso a partir de agora é se a previsão vai se confirmar”, esclareceu.

Verruck frisa que a safra será de inúmeros desafios. “Tivemos uma série de problemas, como preços baixos de mercado, não existe pressão de demanda pela China, endividamento de produtores, custo financeiro das operações de crédito rural, atraso na entrega de fertilizantes por parte das empresas. Temos a questão do clima que ainda nós não, por mais que tenha aberto o calendário, nós não temos condições de iniciar o plantio no Estado. Então existe realmente um conjunto de fatores de risco para a próxima safra. Têm que ser muito bem monitorados. Vamos fazer um acompanhamento em cima desse númerojunto com a Aprosoja-MS para ver se se encaminha para um crescimento ou uma certa estabilidade”, concluiu.

A opinião é compartilhada pelo presidente da Aprosoja, Jorge Michelc. “Teremos muitos desafios pela frente, entre eles o clima e a organização financeira dos produtores rurais, que amargam perdas significativas nas safras anteriores”, pondera o presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc.

De acordo com o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta, “as últimas duas safras foram desafiadoras para os produtores rurais devido às condições climáticas (precipitação e temperatura) que impactaram significativamente no potencial produtivo. O cultivo de soja e milho no estado de Mato Grosso do Sul está se tornando cada vez mais desafiador, e o cenário atual não é para amadores”.

Para Fábio Caminha, diretor-secretário da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o produtor se mantém resiliente ao mercado diante dos momentos críticos, mas deve buscar auxílio tanto em capacitação quanto na melhoria para suas produções.

“O produtor é resiliente por natureza. As safras vêm e vão, algumas são mais produtivas, outras menos. Neste início de safra, o produtor enfrenta uma situação financeira apertada, o que exige cautela e uma revisão nos investimentos, repensando a economia da propriedade. É aí que o Senar/MS entra, ajudando o produtor a entender melhor sua realidade e aprimorar suas estratégias para enfrentar os desafios no campo”, pontua.

 

Secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc Rogério Beretta com produtores e diretores da Aprosoja/MS

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