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Projeto “Acolhe no Campo” avança em capacitação para prevenção da violência contra a mulher nas comunidades rurais

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) já capacitou mais de 300 trabalhadores do meio rural para combater a violência doméstica e familiar contra a mulher.
O Projeto “Acolhe no Campo”, realizado ao longo dos últimos quatro anos, é voltado para profissionais que tratam diretamente com quem lida com o campo.
A iniciativa foi idealizada pela Promotora de Justiça Clarissa Carlotto Torres, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (NEVID), a partir da 72ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, sediada na Casa da Mulher Brasileira.
O mecanismo de educação de gênero teve a colaboração da Promotora de Justiça Fernanda Proença de Azambuja Barbosa para a elaboração do conteúdo didático e a execução dos encontros de capacitação dos técnicos e instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), de forma virtual.
“As mulheres residentes na zona rural encontram maiores dificuldades para efetivar seus direitos e buscar ajuda quando sofrem violência, seja por conta do isolamento geográfico, pelo restrito acesso à internet e telefone, pela baixa instrução ou falta de rede de apoio. Essas circunstâncias as tornam ainda mais vulneráveis à violência doméstica e familiar, muitas vezes não identificada e reconhecida como tal”, pontua Fernanda Azambuja.
Por isso, acrescenta a Promotora de Justiça, “a capacitação de profissionais que atuam no campo, para que sejam multiplicadores de informação e orientação adequadas para esse público específico, é medida estratégica para prevenir e coibir a prática de violência doméstica no meio rural, com resultados muito positivos”.
A iniciativa chega ao público-alvo graças à parceria entre o MPMS e o Senar/MS.
A missão é transferir informação de qualidade, com clareza e responsabilidade, aos homens e mulheres do campo, oferecendo às famílias ferramentas para enfrentar o problema.
Resultados
Ao longo dos treinamentos, situações de violência contra mulheres foram identificadas e abordadas. A analista da Assistência Técnica e Gerencial do Senar (ATeG), Paula Martins, avalia que o programa também estimula reflexões pessoais nos participantes.
“No ano passado, tivemos uma situação de violência doméstica envolvendo um familiar de um profissional capacitado. Com o conhecimento adquirido, ele conseguiu orientar a vítima a procurar a delegacia e solicitar uma medida protetiva, evitando que o caso se agravasse”, relatou.
Palestra
Para alcançar ainda mais pessoas, palestra do “Acolhe no Campo” foi realizada na Casa Rural, sede da Famasul, em Campo Grande, neste dia 28 de fevereiro, exclusivamente para colaboradores.
Foram apresentadas as formas de identificar e lidar com as diferentes formas de violência que afetam, principalmente, mulheres na comunidade rural. As Promotoras de Justiça Clarissa Carlotto Torres e Livia Carla Bariane palestraram.
Em sua fala, a Promotora de Justiça Clarissa Carlotto Torres acentuou a necessidade de espalhar o conhecimento sobre a Lei Maria da Penha. E para entender os mecanismos de proteção, defendeu, é preciso “trabalhar o antes”.
“Sem isso, a gente não consegue avançar. Porque para a gente entender esse fenômeno, nós precisamos nos despir dos nossos preconceitos”, orientou a Promotora de Justiça.
“É o momento de a gente refletir aqui dentro do nosso ambiente de trabalho, na nossa família, na nossa sociedade. Então, aproveitem e façam as reflexões, tirem as dúvidas, participem”, completou u a diretora administrativa e financeira do Senar/MS, Milene Nantes.