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Raios podem ter causado dois focos de incêndios na divisa do Pantanal Sul e Norte
Dois focos de incêndio detectados na tarde da última sexta-feira (11), na região do Paraguai-Mirim, próximo ao Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e na divisa com Mato Grosso do Sul, podem ter sido os primeiros casos neste ano de fogo provocado por quedas de raios no Estado.
Os focos foram identificados por satélites e possivelmente originados ao mesmo tempo, com distância de poucos quilômetros entre um e outro.
Após o surgimento, equipes do ICMbio atuam na região para combater o fogo e contam com o apoio de uma aeronave Air Tractor que está realizando lançamento de água no local com o objetivo de minimizar os danos.
A suspeita de que o fogo tenha começado de forma natural será agora investigada por peritos que poderão confirmar a causa exata do incêndio.
Relação entre raios e incêndio incêndios
Nos últimos anos o aumento dos incêndios florestais se tornou um dos maiores desafios ambientais do Brasil, especialmente em biomas frágeis como o Pantanal. Embora frequentemente esses incêndios sejam associados a fenômenos naturais, como tempestades e descargas elétricas, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam uma realidade diferente.
Embora um levantamento feito pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), vinculado ao INPE, tenha concluído que Mato Grosso do Sul faz parte do ranking dos estados com maior ocorrência de raios do País, outro estudo afirma que os raios são responsáveis por apenas 5% dos incêndios florestais no Brasil e apenas 1% no Pantanal. Esses números indicam que as tempestades não têm uma influência significativa nas ocorrências de incêndios florestais, levando a reflexões sobre as verdadeiras causas desse problema.
“Esse levantamento do INPE é muito importante e confirma uma tese já defendida pelo Corpo de Bombeiros e comprovada por peritos criminais que atuam no Pantanal, de que a maioria dos incêndios não são gerados por causas naturais. O mais impressionante é que Mato Grosso do Sul é o 5º estado com a maior incidência de raios e nem isso muda essa estatística quando falamos em incêndios. Ter conhecimento desses números nos ajuda a entender a origem dos incêndios florestais e a traçar estratégias, principalmente voltadas à prevenção e à conscientização das pessoas”, afirma o Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros e coordenador da Operação Pantanal, Coronel Adriano Noleto Rampazo.
Os raios podem, de fato, iniciar incêndios em áreas florestais, mas os dados mostram que essa não é a principal causa. Em regiões como a Amazônia, onde a umidade e a biodiversidade são altas, o papel dos raios é secundário quando comparado a outros fatores. Já no Pantanal, que possui uma vasta área de vegetação sazonal, a influência dos raios é ainda menor, representando apenas 1% dos incêndios.
Dessa forma, os dados do INPE revelam que, embora os raios possam causar alguns incêndios florestais, eles não são a principal causa desse fenômeno no Brasil. A maioria dos incêndios é atribuída a atividades humanas, o que aponta para a necessidade urgente de mudanças nas práticas de manejo e uma maior conscientização sobre a preservação do meio ambiente. A verdadeira solução para os incêndios florestais passa pela combinação de políticas públicas eficazes, educação ambiental e a promoção de uma agricultura sustentável.