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03 de Dezembro de 2024

Esportes

Rayssa Leal quer diversão na busca pelo ouro e promete novidade em Paris: “É surpresa”

Rayssa Leal é uma das principais candidatas ao ouro no skate street feminino em Paris. Medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio aos 13 anos, a maranhense tem mostrado uma evolução impressionante nos últimos três anos. A brasileira cresceu, ganhou corpo e, principalmente, evoluiu sua técnica, dominando o cenário internacional da modalidade.

Mas para vencer o sonhado ouro olímpico é preciso muito mais do que o aspecto físico ou técnico. Para o bom desempenho, é preciso de uma sinergia entre treinamento, psicológico e felicidade. “O básico é treinar bastante e ter muita vontade. Mas, eu sei que na hora é muito sobre a cabeça, sabe!? Por isso eu estou me preparando para chegar lá e lembrar do meu skate feliz para tentar diminuir a pressão. Para mim, ser divertido muda tudo”, explicou Rayssa.

Desde as Olimpíadas de Tóquio, Rayssa incorporou outros aspectos em sua rotina de preparação. Hoje ela conta com fisioterapeuta, preparador físico, psicóloga entre outros profissionais. A saúde mental, por exemplo, passou a ganhar um espaço fundamental na vida da skatista.

“Tudo foi muito novo, depois da Olimpíada foi um boom. Então comecei a fazer terapia, e isso vem me ajudando muito a me entender. A gente vai amadurecendo, entendendo melhor as coisas. É muito bom ter uma profissional me ajudando”, contou Rayssa.

A idade e maturidade também fazem a diferença na hora de competir nos Jogos Olímpicos. Comentarista de skate do Grupo Globo, Geninho Amaral explica como o tempo possibilita novas manobras. “O corrimão, que era gigantesco quando ela tinha 12 anos, agora vai estar mais fácil pela força, pela concentração, pela técnica desenvolvida nesse tempo. Então acho que também é muito importante esse desenvolvimento da parte corporal porque facilita para algumas manobras e para andar de skate”, disse Geninho.

Todas as mudanças no corpo de uma atleta exigem que haja uma readaptação em hábitos e habilidades. Rayssa Leal ainda é uma adolescente. Hoje com 16 anos, ela tem um corpo muito diferente do que tinha em Tóquio, em 2021. Em três anos, Rayssa cresceu 10 cm, ganhou 12 kg e viu seu corpo ganhar formas de mulher. Em 2021, por exemplo, ela usava tênis tamanho 33, e hoje já usa 35.

– Foram 3 anos de Tóquio para cá, não tem como o corpo não mudar. Agora estou com 16 anos, passei pela fase de crescimento… Com certeza influencia como ando hoje. Tenho me preparado fisicamente para me adaptar às mudanças… Às vezes parece que tenho que aprender de novo algumas coisas, sabe? – explicou Rayssa ao ge.

A expectativa para Paris

Uma das favoritas para o ouro em Paris, Rayssa promete brilhar na pista construída na Place de La Concorde, no centro da capital francesa. Ela hoje é a terceira melhor skatista do mundo pelo ranking da World Skate, a federação internacional da modalidade. Mas vale ressaltar que, ao contrário das duas japonesas que estão à sua frente, a maranhense garantiu a vaga olímpica antecipadamente e não foi ao último Pré-Olímpico, que ainda contava pontos para o ranking mundial.

O comentarista Geninho Amaral acredita que as japonesas Coco Yoshizawa, Funa Nakayama e Liz Akama serão as maiores adversárias de Rayssa nos Jogos. Destaque também para a australiana Chloe Covell, de apenas 14 anos. Mas, para Geninho, sonhar com um ouro de Rayssa é algo bem possível.

Acredito muito na medalha de ouro da Rayssa, mas o skate é aquela coisa… É o dia, o seu momento naquele dia. Mas se tudo der certo, como vem acontecendo nas competições da Rayssa e na evolução dela, eu acredito muito que esse ouro vem para a Rayssa – explicou o comentarista.

Seja no Smith de Back ou adicionando um flip em sua tradicional manobra, Rayssa promete skate de alto nível em Paris. E a brasileira ainda pode surpreender com alguns truques ou novas manobras. “Tem muitas! Eu tenho várias manobras anotadas no meu celular que eu quero dar. Já estou praticando algumas’, confessou Rayssa.

Em entrevista ao site oficial das Olimpíadas, a brasileira confirmou que está preparando algo especial em busca do ouro em Paris. “Olha, eu estou [preparando algo diferente]! Eu estou sim! (…) Porém, eu não vou falar, porque é surpresa! Lá vocês vão ver e vão dizer assim: ‘Essa era a surpresa que ela estava falando”.

O domínio internacional

Desde as Olimpíadas de Tóquio, Rayssa Leal foi um dos principais nomes do cenário internacional do skate street. A maranhense acumula títulos de peso, como o Campeonato Mundial de 2022 e o bicampeonato do Super Crown Liga Mundial de Skate Street, a SLS.

De 2021 até as Olimpíadas de Paris, foram 10 etapas disputadas da SLS, sendo sete delas vencidas pela brasileira. Em outras duas oportunidades, Rayssa ficou com o 2º lugar, ficando fora do pódio apenas nas disputas de Tóquio, em 2023. A maranhense também é a atual campeã pan-americana e tricampeã do STU Open Rio, torneio brasileiro que recebe grandes atletas internacionais.

“O diferencial da Rayssa sempre foi ela mesma. Se ela jogasse futebol, ela seria a melhor. Se ela jogasse bolinha de gude, ela seria a melhor. É a Rayssa. A diferença dela é o estilo, o gostar tanto de andar de skate, de estar com os amigos, de conseguir deixar isso claro para o mundo. Deixar claro a raiz do skatista de diversão mesmo estando em uma competição de alto nível, que a pressão é gigante. O diferencial dela é a alegria de estar em cima do skate”, explicou Geninho.

Outro marco que Rayssa conseguiu nesse ciclo olímpico foi ultrapassar a barreira dos nove pontos. No skate, integrar o “nine club”, clube dos nove, é um feito nobre e muito difícil. O skate feminino, como um todo, passa por uma grande evolução. Com novos talentos surgindo a cada dia, é possível notar mais manobras complexas e, consequentemente, notas mais altas.

Acho que o que mais me impressiona é ver que tem meninas que apareceram agora na cena do skate, que eu nem conhecia, e já mandam bem demais! Ver o skate feminino tão forte, é muito legal! E saber que eu também contribuo para isso é gratificante – celebrou Rayssa.

A manobra que deu a prata para Rayssa Leal em Tóquio hoje é considerada sua marca registrada, uma manobra de segurança, tamanha a evolução da atleta. O Smith de Back é integrante quase certo da linha da skatista. A skatista brasileira é considerada uma das melhores executoras da manobra no mundo. Hoje ela trabalha para aperfeiçoar uma evolução dessa manobra, o Flip Smith de Back.

– A manobra ‘Smith de Back’ é uma manobra clássica do skate street, executada em canos, em corrimão… A Rayssa dominou a manobra por gostar dela, também. A evolução do Flip Smith de Back é impactante por ter executado isso tão cedo, em tipos diferentes de corrimão. É impactante por ela ter tanto controle e também por gostar da manobra. É muito legal ver o domínio. Em breve podemos ver não só ela entrando, mas também saindo de flip… A evolução dela é impressionante e não para – explicou Geninho.

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