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04 de Maio de 2025

Cultura/Turismo

Teatro cheio de graça: clássico de Suassuna encerra programação teatral no Campão Cultural

A programação teatral do Campão Cultural 2025 foi encerrada em grande estilo neste domingo (6), com o teatro Aracy Balabanian lotado para assistir à consagrada peça O Auto da Compadecida. Com direção de Gabriel Villela e encenação do premiado Grupo Maria Cutia, de Belo Horizonte (MG), o espetáculo de 80 minutos arrancou risos, encantou pela musicalidade e emocionou com a poesia popular da obra-prima de Ariano Suassuna.

Marcado por uma estética brincante, figurinos exuberantes e cenografia atemporal, o grupo iniciou e finalizou a apresentação com um cortejo, atravessando o público em clima de celebração. A montagem, que combina o sagrado e o profano com irreverência e crítica social, trouxe à cena as peripécias de João Grilo e Chicó, dois personagens que, como definiu o ator Leonardo Rocha, já se tornaram entidades do teatro brasileiro.

“O Auto da Compadecida é a nossa ‘Romeu e Julieta’. É a peça mais conhecida do teatro brasileiro, e essas duas figuras representam muito da nossa cultura. A ideia era nos desvincular da referência forte do filme e contar essa história de uma outra forma, com outra perspectiva, mais afetiva, mais coletiva”, explicou Leonardo, que vive João Grilo na montagem.

A plateia, formada por pessoas de todas as idades, reagiu com entusiasmo à apresentação. A música teve papel central na narrativa — com canções de Zeca Baleiro, Caetano Veloso e Roberto Carlos — e ampliou a identificação com o público. “A trilha tem uma função dramatúrgica”, disse Leonardo. “Ela ativa a memória afetiva de quem assiste. É um teatro que emociona não só pelo texto, mas por tudo que o cerca.”

A peça começa com o absurdo testamento de um cachorro e segue com cenas hilárias envolvendo um gato “que descome dinheiro”, até culminar num julgamento celestial no sertão. Com leveza e comicidade, a peça aborda temas profundos como moralidade, poder e fé, sem abrir mão da sensibilidade que marca a obra de Suassuna.

Entre os espectadores estavam a professora Isis Linhares e o servidor público Lucilio Linhares, que levaram a filha Maya, de apenas dois anos, para vivenciar o teatro. “Trazer a Maya é dar a ela a oportunidade de consumir cultura desde pequena. Mesmo que agora ela ainda não escolha o que ver, isso se torna familiar. O teatro passa a ser algo natural.”

Lucilio completou: “A arte é o que define o ser humano. Sempre buscamos inseri-la nesse universo, porque isso vai dar um norte interessante pra ela nas escolhas que fará no futuro.”

Com mais de 180 cidades no currículo e apresentações em cinco países africanos de língua portuguesa, o Grupo Maria Cutia encerrou com brilho uma semana intensa de atividades em Campo Grande, reafirmando o poder do teatro como ferramenta de conexão, memória e afeto.

“É uma honra encerrar um festival como o Campão. Que ele continue, com mais verba, mais gente e mais público”, desejou Leonardo Rocha, ainda emocionado com os aplausos de pé ao final da sessão. “O teatro é um direito civil. E festivais como esse são essenciais para formar público e democratizar a cultura.”

O Campão Cultural se despediu assim: com arte viva, palmas longas e a certeza de que, quando o teatro ocupa o domingo à noite, ninguém fica em casa.

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